A Assembleia Regional do Cone Sul, quarto encontro da Etapa Continental do Sínodo 2021-2024 na América Latina, tem sido uma verdadeira experiência sinodal para os participantes. A possibilidade de escutar as diferentes contribuições trazidas para Brasília, a partir dos cinco países representados, e a proposta de escutar o Espírito Santo ganham destaque nas partilhas.
Diálogo e escuta ao Espírito Santo
Para a irmã Teresinha Mendonça Del’ Acqua, Franciscana de Maria Imaculada, é uma alegria estar presente no encontro “como parte do Povo de Deus, com tantos irmãos e irmãs do Paraguai, do Uruguai, Argentina, Chile e brasileiros”.
Responsável por coordenar uma das comunidades de discernimento, como são chamados os grupos voltados para reflexão, a religiosa partilha que a experiência tem sido muito rica:
“São muitas luzes, muitas sugestões para a Assembleia sinodal. Somos pessoas de cinco países, imagina a riqueza dessa Igreja que dialoga com o mundo, na dimensão de escuta dos irmãos e das irmãs nas várias representações e também na escuta da realidade. Mas, sobretudo, num exerício profundo de escuta do Espírito Santo, o que o Espírito de Deus está nos motivando, interpelando para a caminhada ao futuro”, afirmou.
Da crise à esperança
O jovem Manuel Farr, do Chile, também manifestou alegria por participar da Assembleia. “É super importante ver a participação dos diferentes jovens representando todo esse mundo juvenil da nossa Igreja”. Ele destaca também o trabalho em conjunto como povo de Deus: “leigos, leigas, consagrados, consagradas – todo esse povo que caminha junto nesse processo que estamos vivendo, tão importante, e que foi convocado pelo Papa Francisco”.
Vindo de uma realidade marcada pela crise por conta dos abusos na Igreja local, Manuel vê com esperança o processo sinodal. “Para nós, particularmente do Chile, partindo do processo difícil que temos vivido por causa dos abusos sexuais, de consciência, buscamos seguir trabalhando, buscando forças em todo o povo de Deus a partir do Espírito Santo para seguir caminhando numa Igreja muito mais missionária, comunicativa e participativa”, disse.
Refletir sobre a realidade dos excluídos
O cristão leigo Cleuton Gomes, participa pelo Conselho Nacional do Laicato, representando o Estado de Santa Catarina. Também agente da Pastoral Familiar, ele ressalta que as reflexões durante a Assembleia Continental não estão desvinculadas do trabalho que realiza com sua esposa, Simone, num dos pilares do laicato, que é a família.
“Estamos trazendo, nesse momento de aprofundamento, de discernimento do documento da fase continental, que foi produzido a partir das escutas nas dioceses, nas paróquias do mundo inteiro, as questões que aqui são apresentadas. Tivemos a felicidade de discutir uma parte onde aparecem muitos desafios em que a família é envolvida: as questões que tratam do aborto, da população LGBTQIA+, da população em situação de rua, dos privados de liberdade, dos pobres, enfim, são pontos em que a Pastoral Familiar tem muito a contribuir, sobretudo aquilo que o Papa nos traz na Amoris Laetitia, que é um documento, mas encaro muito mais como pistas de ação pastoral do que um documento”, comentou.
Cleuton ressalta que o texto do Papa fruto de duas assembleias sinodais sobre a família apresenta pistas pastorais que ajudam a solucionar muitas questoes difíceis as quais “muitas vezes nós fechamos os olhos, não damos a devida atenção”.
Para ele, o processo do Sínodo é momento de alegria e esperança, que aponta para “um novo jeito de ser Igreja”.
Cone Sul
A Assembleia Regional do Cone Sul faz parte da etapa continental do Sínodo sobre a Sinodalidade, convocado pelo Papa Francisco. O evento ocorre na Casa Dom Luciano, em Brasília (DF), e reúne cerca de 180 participantes do Brasil, da Argentina, do Chile, do Paraguai e do Uruguai. A organização é do Conselho Episcopal Latino Americano e Caribenho (Celam).
.
.
.
Com informações: cnbb.org.br