O número de venezuelanos que solicitaram refúgio no Brasil cresceu vertiginosamente nos últimos meses. Os dados são do Ministério da Justiça e revelam que até março de 2017 cerca de 8.231 venezuelanos pediram refúgio no país, o número já supera os seis anos anteriores.
O refúgio é uma proteção legal para estrangeiros que sofrem perseguição em seu país de origem por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. No caso dos venezuelanos, o número aumentou devido os últimos acontecimentos envolvendo o país, como a crise econômica e política vivenciadas no atual governo.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) cerca de 30 mil imigrantes estão em território brasileiro e 2 mil destes são do povo indígena venezuelano Warao, um dos mais antigos do Delta do Oniroco, no nordeste da Venezuela. Eles buscam refúgio no Brasil especialmente em Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Pacaraima (RR) por serem consideradas cidades fronteiriças com a Venezuela.
Acompanhando de perto as iniciativas de atenção aos imigrantes venezuelanos, o Instituto Migrações e Direitos Humanos, entidade social e sem fins lucrativos, vinculado à Congregação das Irmãs Scalabrinianas constatou que em Manaus (AM) há um abrigo promovido pelo Estado, onde até o dia 7 de junho, cerca de 300 pessoas estavam abrigadas. No centro da cidade há 6 casas e um pequeno hotel, onde a estimativa é de que estejam vivendo 200 pessoas.
Em Pacaraima (RR), o Instituto afirma que a situação é grave, pois há em torno de 140 indígenas Warao, entre os quais muitas crianças vivendo na rua. Também constatou que circula a informação de que o Exército, a pedido do Governo Federal, transferiu para a localidade cerca de 40 barracas a serem montadas para abrigar os imigrantes Waroa, principalmente no início do período das chuvas.
Neste contexto, a Igreja e a sociedade civil tem a proposta de implementar algumas iniciativas por lá, como o serviço de café da manhã para 150 imigrantes indígenas; erguimento de um abrigo temporário ao lado Igreja Matriz e uma força tarefa para documentar os imigrantes, inclusive os indígenas.
Em Boa Vista (RR), o Instituto garante que a sociedade civil continuará apoiando os imigrantes no atendimento e preparação da documentação para obtenção de protocolo de refúgio ou de residência provisória. Para a viabilização desta ação, o Instituto Migrações e Direitos Humanos de Brasília assume o repasse de alguns valores. Ainda de acordo com a entidade, continuarão sendo oferecidas bolsas subsistência de acordo com os critérios de vulnerabilidade previstos nas orientações do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Campanha #CoraçãoAberto
A Igreja Católica no Brasil tem participado também das audiências locais com o governo brasileiro para buscar uma solução para os imigrantes venezuelanos. A Cáritas Brasileira, organismo ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a campanha “#CoraçãoAberto”, a pedido do Conselho Permanente da entidade, para sensibilizar a população do Brasil a respeito do crescente número de venezuelanos, especialmente na região Norte do país.
O foco da campanha é convidar a sociedade brasileira para uma ação de acolhida, solidariedade e conscientização neste momento em que o país vizinho passa por uma crise humanitária. De acordo com o diretor executivo da Cáritas Brasileira, Luiz Claudio Mandela, o organismo está atento e preocupado com a crise humanitária que a Venezuela enfrenta nos últimos anos. Ele explicou também que a Cáritas Internacional também tem lançado apoio à Venezuela.
Acompanhe as ações da Campanha no site da Cáritas e pelas redes sociais.