A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Cáritas Brasileira, um dos organismos de promoção e atuação social da Igreja Católica, apresenta os resultados do valor arrecadado e das iniciativas apoiadas na primeira e segunda etapa da Campanha SOS África cujo objetivo foi prestar ajuda humanitária à população atingida, em março deste ano, pelo ciclone Idai em Moçambique, Zimbábue e Malaui.
A primeira etapa da campanha, desencadeada em março deste ano, arrecadou R$ 1.210.270,00 e a segunda etapa, em agosto, R$ 405.670,01. Nas duas etapas foi arrecadado o valor total de R$ 1.615.940,01. A mobilização da CNBB e da Cáritas Brasileira envolveu padres, bispos e leigos em igrejas e arquidioceses espalhadas pelo país.
Ajuda humanitária – Fase 1
A primeira etapa buscou atender emergencialmente a população afetada pelo ciclone responsável pela morte de centenas de pessoas. As ações resultaram na arrecadação de 1,2 milhão em ajuda humanitária, recursos que salvaram vidas e ofereceram meios para que os desabrigados pudessem sobreviver na situação de emergência. 700 mil pessoas de um contingente de 130 mil famílias receberam itens como água, alimentos, roupas, medicamentos e produtos de higiene. A Cáritas prestou socorro, ainda, a 5.500 mulheres grávidas e lactantes, bem como outras 550 com doenças crônicas.
Reconstrução – Fase 2
Passada a fase emergencial, o próximo desafio era expandir a mobilização para toda a sociedade Brasileira, com o intuito de se arrecadarem novas doações para a fase de reconstrução – não apenas material, mas de vidas. Para tanto, foi feito um esforço de comunicação em redes sociais da internet e outras mídias. A campanha, realizada nos meses de julho, agosto e setembro de 2019 e chamada de “SOS África – A corrente do bem continua” arrecadou um total de R$405.670,01 que foram destinados a iniciativas que permitiram às pessoas atingidas retomar suas rotinas e sobreviver por conta própria.
Foram distribuídos kits alimentares a aproximadamente 8 mil famílias africanas, no chamado tempo de escassez. Na época em que os ciclones devastaram os países, os agricultores se preparavam para a colheita dos cereais. As plantações devastadas impediram as famílias de garantir alimento para si e para venda.
Sementes e kits de ferramentas foram entregues pela Cáritas a aproximadamente 10 mil famílias. Além disso, técnicos agrícolas foram contratados para assessorar os desabrigados. Noções de plantio sustentável dão a garantia de que os alimentos sejam produzidos sem uso de agrotóxicos, respeitando o meio ambiente.
A campanha SOS África reforça outras ações sustentáveis, como a criação de sistemas de irrigação para o plantio de legumes e verduras e a realização de feiras para a comercialização, o intercâmbio e a troca de experiências entre os camponeses. Capacitações e formações com os guardiões de sementes dão oportunidade às famílias camponesas de conservar sua produção e potencializar a autonomia na área de segurança alimentar.
Nesta etapa, a destinação de recursos voltou-se para garantir a segurança alimentar; meios de vida sustentáveis; água, saneamento e higiene; construção de abrigos; construção de casas; redução de riscos de desastres; e proteção e integração das famílias.
Mulheres desabrigadas na Escola Muda-Mufo em Nhamatanda, distrito de Moçambique.
Entenda a tragédia
Em 14 e 15 de março, a população de Moçambique foi atingida pelo ciclone Idai. Cerca de um mês depois, o Instituto Nacional de Calamidades contabilizava mais de 600 mortos, enquanto estimativas não oficiais calculavam mais de mil vítimas fatais, principalmente após a passagem de um segundo ciclone, o Kenneth, pelas regiões central e norte.
Vale ressaltar que, por volta do dia 5 de março, ou seja, antes dos dois desastres naturais, os locais já se encontravam em situação de emergência, tendo fortes chuvas causado enchentes nos rios locais. A passagem dos ciclones também agravou a situação com os cortes no fornecimento de energia elétrica, e, portanto, na comunicação em grande escala, e com os bloqueios nas estradas, devido aos deslizamentos de terra.
Nas áreas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth em Moçambique, a taxa nacional de pobreza estimada está entre 64% e 79%
“Como não tínhamos nada, tudo o que recebemos foi muito relevante. Recebemos os kits de ferramentas para trabalhar e os kits de cozinha. Cada um deles foi realmente importante, mas o que nos falta é a casa. Agora que tenho as ferramentas para a agricultura e as sementes, posso começar a construir a minha vida e pensar no futuro dos meus filhos e da minha família. O futuro em que estou pensando inclui escolarização para meus filhos e uma casa para minha família. Eu adoraria ver meus filhos poderem ficar na escola. Continuarei a trabalhar com as ferramentas que me foram dadas para poder alimentar a minha família e garantir que o seu futuro seja brilhante. Fico feliz quando posso trabalhar, fazer as minhas atividades normais e cuidar da minha família. O milho que veem crescer no campo foi plantado em abril com sementes que recebi das distribuições da Cáritas.”
Alexandre Uate, agricultor moçambicano apoiado pela Cáritas
“A solidariedade é sempre muito valiosa aos olhos de Deus. Socorrer o povo africano, especialmente de Moçambique, Zimbábue e Malaui é o mesmo que socorrer um irmão muito próximo que foi ferido e teve sua vida devastada pelas forças da natureza. A distância que nos separa é apenas física, por que nosso sentimento de irmandade e solidariedade é afetivo, é sincero e é presente. Como pede o Papa Francisco na mensagem pelo Dia Mundial dos Pobres desse ano, lembrando a exortação apostólica Evangelii gaudium «A opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e lança fora» (ibid., 195), “é uma escolha prioritária que os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não trair a credibilidade da Igreja e dar uma esperança concreta a tantos indefesos”. A esperança é inerente à vida dos mais empobrecidos e por isso eles confiam que o Senhor não os abandonará. O gesto de solidariedade do povo brasileiro, das comunidades, paróquias e dioceses da nossa Igreja alimenta a esperança de que é possível uma sociedade mais humana, mais solidária e mais generosa com os que mais necessitam, os escolhidos por Deus. A arrecadação feita nas duas fases do SOS África possibilitou resgatar a dignidade de milhares de famílias africanas, dando-lhes não apenas as necessidades básicas, mas instrumentos para reconstrução de suas vidas e devolveu-lhes o direito de poder sonhar com um mundo menos desigual”.
Dom João José da Costa
Presidente da Cáritas BrasileiraCom informações da Cáritas Nacional
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