
A Igreja no Brasil, sobretudo após o tempo conciliar, sempre teve em especial estima e acompanhou com zelo apostólico o caminhar vocacional dos cristãos leigos e leigas. A eles dedicou-se a Exortação Apostólica Christifidelis Laici, antecedida por uma sequência rica de sessões de estudos em todas as dioceses e amplamente difundida após sua publicação. Após esse documento, a CNBB apresentou estudos sobre o tema e aprovou um documento oficial na 37ª Assembleia Geral de 1999, com o título “Missão e Ministério dos Cristãos Leigos e Leigas”. Um novo vigor se viu em todo o Brasil, impulsionado pelo ardor missionário do Conselho Nacional do Laicato e pelos Conselhos de Leigos das dioceses, no sentido de aprofundar, estimular, orientar, criar novo ânimo pastoral para o ministério próprio dos leigos de ser sal e luz em meio às adversidades das várias realidades onde se fazem presentes.
Recentemente, a CNBB aprovou outro documento oficial sobre o laicato, na 54ª Assembleia Geral do Bispos. Ali a Igreja no Brasil oferece sólidas referências para o aprofundamento acerca da missão dos leigos e leigas em seu vasto campo de atuação. Peço aos leigos de nossa Arquidiocese que aprofundem o estudo sobre o Documento e encontrem, nele, as razões eclesiais mais profundas para encararem, com ardor missionário sempre renovado, os vários desafios que a pregação do Evangelho e o testemunho da fé cristã lhes colocam como critérios no seguimento de Jesus Cristo.
A Igreja e, nela, os leigos, está inserida em meio às dramáticas realidades do mundo para ser sinal de salvação. Assim, o leigo responde à sua vocação própria dentro dessa realidade e não atua como mero braço da hierarquia, como já foi concebido tempos atrás. Com vocação e dignidade próprias, com a autonomia própria, o leigo assume a sua responsabilidade sociopolítica sem dispensar a sua natureza eclesial, mas sendo um sujeito eclesial que realiza no seu fazer cotidiano o tríplice múnus de Jesus Cristo Sacerdote, Rei e Pastor. Nesse sentido, cresce a consciência de que o leigo não apenas pertence à Igreja ou a ela está associado, mas que ele próprio é a Igreja de Jesus Cristo vivo e operante dentro das realidades de missão onde se faz presente. Isto importa numa responsabilidade imensa. Vocação e missão devem ser definidas dentro de um profundo diálogo com os pastores da Igreja e afinadas com a firme consciência de que a atuação dos leigos dentro dos vários mundos das profissões, das associações da vida pública, dentro dos mais complexos sistemas de organizações sociais ou até mesmo e de forma mais basilar, dentro da família, deve se dar conforme a graça assinalada no Batismo.
Sejam Sal da terra e Luz do mundo. Como Maria, mãe das vocações, levem Jesus Cristo e as exigências da salvação a todos os lugares onde se fizerem presentes. Deus os abençoe em todos os passos.