Nesta segunda-feira, 4 de dezembro, o Decreto Inter Mirifica do Concílio Vaticano II completa 60 anos. O texto trata dos meios de comunicação social e marca a primeira vez que a Igreja aborda o tema em seus documentos.
Para marcar a data, aconteceu em São Paulo, na Faculdade Paulus de Comunicação (Fapcom), nesta segunda-feira, 4 de dezembro, um encontro das forças comunicativas da Igreja no Brasil (Pastoral da Comunicação, Signis Brasil – rádio e TV -, Comissão Episcopal de Comunicação e Assessoria de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Também participaram da reunião, os gestores das televisões brasileiras de inspiração católica: TV Aparecida, TV Evangelizar, Canção Nova, TV Pai Eterno, TV Horizonte, TV Nazaré, TV Século 21 e TV Bom Jesus da Lapa e rádios católicas.
Os participantes refletiram sobre o Sínodo sobre a Sinodalidade, Jubileu 2025, Jubileu 2031 – Guadalupano, Jubileu 2033 – Morte e Ressurreição de Jesus, 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, 8º Encontro da Pascom, a 61ª AG CNBB, Campanha da Fraternidade 2024 (60 anos) e 2025 e Campanha para a Evangelização 2023.
Comunicação e relação
Em artigo publicado no site da Pascom Brasil, a irmã Joana Puntel, jornalista, doutora em Ciências da Comunicação, membro do Grupo de Reflexão de Comunicação da CNBB (Grecom), explica que a importância do texto refere-se, sobretudo, ao fato da “aceitação oficial”, que pode ser entendida como uma ”legitimação” para o uso dos meios pela Igreja.
“Somente este fato corresponde ao valor imprescindível do decreto, pois este se apresenta como uma espécie de ‘divisor de águas’, se levarmos em conta a trajetória anterior da relação Igreja-comunicação, desenvolvida em diferentes épocas e, praticamente sem diálogo com a cultura em muitas áreas, como a da comunicação”.
Com o Inter Mirifica, explica a religiosa, a Igreja quis assumir, assim, uma visão mais otimista da comunicação frente às questões sociais, “pois a comunicação não pode reduzir-se a simples instrumentos técnicos de transmissão, mas deve ser considerada como um processo de relacionalidade entre as pessoas”. Assim, continua, “a Igreja optou pela terminologia ‘comunicação social’ preferindo-a a outras expressões que pareciam ambíguas, ou redutivas”.
Confira o artigo da irmã Joana Puntel na íntegra.
Celebrar
O coordenador nacional da Pastoral da Comunicação (Pascom Brasil), Marcus Tulius, convidou os agentes a retomarem a leitura do documento entre as equipes. Para ele, o decreto “representa um divisor de águas nessa relação da Igreja com a comunicação”. E a data é um convite a mergulhar no documento e assim revisitar a missão e a vocação de comunicar da Pascom.
“‘Inter mirifica é um reconhecimento que entre as maravilhosas invenções da técnica, ou seja, diante de tantas coisas que Deus nos concedeu, está a comunicação. Ali é assegurado o Direito de a Igreja utilizar os meios para comunicar. E quanta coisa mudou desde a promulgação do Inter Mirifica até os nossos dias. Quantas novidades, quantas maravilhosas invenções nós tivemos. Portanto, é tempo da gente também celebrar e agradecer”, ressaltou Marcus em vídeo divulgado nas redes sociais.
Redescobrir a comunicação que edifica
O prefeito do Dicastério para as Comunicações da Santa Sé, Paollo Ruffini, abordou os 60 anos do Inter Mirifica em recente conferência promovida por três universidades pontifícias.
Ele destaca que em termos de envolvimento com os meios de comunicação “o Inter Mirifica nos mostrou uma rota, não um cardápio”. Ruffini ressaltou que “as insídias da comunicação hoje são ainda mais difíceis de discernir do que as listadas há 60 anos. O mundo da comunicação, mesmo o chamado “católico”, não está isento da poluição da desinformação e da divisão”.
Diante desse contexto, “somos chamados a redescobrir a comunicação que edifica, que se conecta, que parte novamente do coração, da escuta do outro e da palavra que abençoa, que diz bem”.
Organismos de comunicação
Além de tratar sobre a relação com e o uso dos meios de comunicação social, o decreto Inter Mirifica também trata dos organismos que promovem e atuam na comunicação. É citado o organismo à disposição do Papa, a competência dos bispos para vigiar as obras e iniciativas comunicativas nos territórios das dioceses, além da indicação de que seja promovida a sustentação dos meios de comunicação da Igreja e o estabelecimento de que, em cada nação, uma comissão Comissão especial do Episcopado seja responsável pelo acompanhamento.
No Brasil, são esses organismos de comunicação da Igreja: a Comissão Episcopal para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Assessoria de Comunicação da CNBB, a Associação Católica de Comunicação Signis Brasil, que reúne emissoras de TV e rádio de inspiração católica, e a Pascom Brasil.
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Com informações: cnbb.org.br