O Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está reunido nesta quarta-feira, de forma virtual. Na sessão desta manhã, foram apresentadas as análises de conjuntura eclesial e social aos participantes do encontro. A análise eclesial oferecida neste mês consiste numa pesquisa a respeito da animação bíblica da pastoral, por ocasião dos 50 anos do Mês da Bíblia e com o objetivo de compreender o cenário que recepciona o Estudo 114 da CNBB “E a Palavra habitou entre nós”, aprovado na última Assembleia Geral da Conferência.
O arcebispo de Brasília e presidente do Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (Inapaz), dom Paulo Cézar Costa, explicou que a equipe quis realizar a análise a partir de um aspecto da vida da Igreja, no caso, a animação bíblica da pastoral. “Diante do todo, foi feita uma opção epistemológica de olhar apenas um aspecto. Isto para analise eclesial está em sintonia com as Diretrizes Gerais da Igreja no Brasil e com aquilo que a Conferência está propondo – relembro que este ano nós trabalhamos este texto de estudos ‘E a Palavra habitou entre nós’”.
A coleta de dados, por meio de análise estratégica de cenário, contou com o apoio dos secretários executivos dos Regionais e dos coordenadores de Comissões Bíblico-Catequéticas que responderam, à exceção do Nordeste 1, sobre a realidade da animação bíblica da pastoral.
Foram considerados dois cenários para a análise, o eclesial interno e o eclesial externo. O primeiro diz respeito aos atores, às expressões eclesiais, à estrutura, às metodologias, aos subsídios e às dinâmicas pastorais das dioceses e regionais que podem se caracterizar como pontos fortes e pontos fracos da animação bíblica da Pastoral. Destacam-se como fatores positivos nesse cenário experiências como a formação bíblico-catequética, os círculos bíblicos, a Lectio Divina e programas bíblicos nas diferentes mídias, por exemplo.
Por outro lado, foram apontadas, entre outras fraquezas, a deficiência na formação dos catequistas; o caráter de transmissão de conteúdo da catequese, que não é vivencial; o enfraquecimento da experiência dos círculos bíblicos; a dificuldade de recepção do método da Lectio Divina; e a ‘ideologização’ e ‘instrumentalização’ da Palavra de Deus.
Quanto ao cenário eclesial externo, são considerados aspectos sociais, econômicos, culturais, políticos, ambientais e tecnológicos do ambiente externo às diocese e regionais que são capazes de favorecer positivamente ou comprometer negativamente a animação bíblica. Os resultados mostram que o cenário de crises, a falta de investimento para aquisição de bíblia e subsídios, a pandemia, a secularização, o materialismo, a extensão geográfica e as dificuldades de acesso à internet são algumas das ameaças.
Por outro lado, são oportunidades, o desenvolvimento da animação bíblica da pastoral nas famílias, as novas tecnologias, a instituição do ministério de catequista no âmbito da Igreja Universal e os resultados do Sínodo da Amazônia, entre outros apontamentos.
Após a apresentação dos dados feita pelo secretário do Inapaz, padre Danilo Pinto dos Santos, os padres Waldecir Gonzaga e Boris Nef Uloa fizeram a análise interpretativa dos resultados, pontuando elementos para reflexão e posterior prospecção dos cenários eclesiais.
Os bispos acolheram positivamente a análise, mas, preocupados com alguns resultados, como o enfraquecimento dos círculos bíblicos, pediram a oferta de indicações. O arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, dom José Antônio Peruzzo, afirmou que a iniciação à vida cristã e a animação bíblica da pastoral não podem ser algo que se prende no tempo. Para ele, “se quisermos voltar aos círculos bíblicos, a iniciação à vida cristã pode ser um valioso instrumento” para recuperar essa prática nos novos tempos, “com paradigmas novos”. Mas é preciso ser “perseverantes ao longo de décadas”.
A análise de conjuntura eclesial abordou os diversos temas na pauta da sociedade brasileira, que vive “uma conjunção de diversas crises” e “com muitas tensões”. Foram lembradas as crises econômica, hídrica e ambiental, a situação “muito grave no campo dos direitos humanos” e a má situação da vida política e social do país. Neste último ponto, dom Francisco de Lima, bispo de Carolina (MA), afirmou que “as ruas estarão na pauta da política nas próximas semanas”.
Na apresentação da análise foram recordados alguns acontecimentos das últimas semanas no cenário sociopolítico brasileiro, as reações e estratégias por traz desses fatos, suas consequências e sinais de esperança para o futuro. O grupo também ofereceu sugestões de iniciativas frente à realidade atual.
A análise completa está na página das Análises de Conjuntas da CNBB: https://www.cnbb.org.br/analisedeconjuntura/
A Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética apresentou ao Consep uma proposta de critérios e de itinerário formativo para o ministério de catequista, conforme estabelecido pelo Papa Francisco na carta apostólica Antiquum Ministerium. Dom José Antônio Peruzzo apresentou a proposta construída pela Comissão com o apoio do Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética (Grebicat). O material será apreciado pelos bispos do Conselho Permanente de modo que receba sugestões e depois seja encaminhado para aprovação.
O período da manhã também foi de partilhas das atividades das Comissões Episcopais Pastorais e de avaliação de eventos recentes, como o I Encontro com Parlamentares Católicos a serviço do Povo Brasileiro e o Webinário sobre o Motu Proprio Traditionis Custodes.
O período da tarde da reunião do Consep foi dedicada à escuta para levantar elementos sobre sobre a forma de realização da 59ª Assembleia Geral do episcopado brasileiro, totalmente presencial, online ou de forma híbrida (parte presencial e parte online) para garantir o que prevê o Estatuto como a votação do novo missal, por exemplo. O bispo-auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado apresentou um conjunto de conversas que estão sendo feitas para subsidiar a decisão sobre o formato a ser tomada na reunião do Conselho Permanente, em outubro. Abaixo destacamos os principais assuntos abordados.
Foi informado que a versão ao português, do Vademecum, já está disponível no site da CNBB. Dom Joaquim Mol sugeriu definir uma metodologia de escuta mais comum à CNBB que oriente o processo nas dioceses brasileiras a partir de um questionário questionário a ser desenvolvido de forma eletrônica de modo que permita ao próprio sistema faze as sínteses necessárias. Foi informado que no dia 6 de outubro haverá uma reunião da Comissão Nacional de Animação do Sínodo no Brasil, oportunidade na qual a questão poderia ser encaminhada. A proposta foi acatada. Foi informado que no dia 14 de outubro, às 19h30, haverá uma live aberta com os animadores diocesanos.
A Comissão Episcopal Pastoral para Animação Bíblico Catequética sugeriu retomar, na 59ª AG CNBB, o documento sobre a Bíblia aprovado este ando, recolocando-o para avaliação a partir de um ano de experiência. Dom Peruzzo apresentou uma avaliação sobre o Mês da Bíblia 2021, ainda em curso. Segundo ele, é impressionante o quanto este mês da Bíblia está inspirando lives e estudos por meios virtuais pelo Brasil afora. “O mês da Bíblia suscita muitas lives e experiências de vida. O livro está sendo bem conhecido. O Mês da Bíblia foi bastante celebrado e preparado, com destaque para as TVs católicas”, disse.
Comissão Especial para a Amazônia agradeceu pela celebração do Dia da Amazônia. Comunicou sobre a ajuda enviada pelo Papa, desde Bento XVI, para a região e informou que todos os bispos do bioma fizeram uma carta e enviaram à Roma em agradecimento.
O representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Antônio Eduardo, retomou o processo de mobilização que os povos indígenas do Brasil fizeram desde abril deste ano para impedir o retrocesso quanto aos seus direitos. Primeiro, segundo ele, um grupo de 140 índios do Brasil veio à Brasília e não foi recebido nos ministérios e nem mesmo na Fundação Nacional do Índio (Funai). Em junho, organizaram um acampamento em Brasília com um grupo maior que aderiu ao movimento. A CNBB esteve no acampamento. Ele afirmou que o acampamento que reuniu cerca de 7 mil indígenas de 140 povos em Brasília, no mês agosto. sensibilizou a sociedade brasileira sobre temas como o Marco Temporal. O CIMI agradeceu a presença da CNBB neste movimento e informou que os povos indígenas também tem esse sentimento de gratidão em relação à entidade. O Cimi realizará sua assembleia geral de 11 a 14 de outubro de forma online.
O secretário-executivo de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel apresentou as informações sobre a Campanha da Evangelização 2021, cujo tema é: “Ide, sem medo, a servir”. Apresentou a identidade visual da campanha desenvolvida pelo mesmo artista que fez o cartaz da CF 2022, Antônio Batista. Apresentou também as ideias e conceitos da campanha “Ide a servir, sem medo de servir (Caridade, Comunidade e Palavra). Reforçou que não haverá os tradicionais envelopes e apresentou também o hino, letra e partitura, materiais que já foram disponibilizados no site de Campanhas da CNBB.
O econômo da CNBB, monsenhor Nereudo Freire Henrique apresentou o balanço da arrecadação da Campanha da Evangelização com destaque para uma queda de arrecadação de 71,5% na última campanha realizada em 2020, com um total de 1.025,613, em relação ao ano anterior (2019) com um total de R$ 3.601.367.
CF 2022
Padre Patriky informou ainda sobre a realização do Seminário Nacional da CF 2022 e formações nas dioceses e regionais e falou da necessidade de começar a pensar no lançamento da Campanha, no dia 2 de março, quarta-feira de cinzas e a missa no Santuário Nacional de Aparecida no primeiro domingo da Quaresma, 6 de março. Informou que haverá lives ao longo do período quaresmal, sendo uma sobre o Fundo Nacional de Solidariedade e também sobre a possibilidade também de realizar, ao longo do ano, de um seminário sobre educação. Também está sendo amadurecida a ideia de produção de uma Carta do Episcopado dirigida aos educadores e lideranças do Brasil.
CF 2023
Sobre a CF 2023, o secretário-executivo de campanhas da CNBB disse que no dia 30 de setembro será aberta uma consulta ao povo de Deus sobre o tema da CF 2023 a partir de um link que será disponibilizado com possibilidades de indicação de tema, um texto bíblico relacionado ao tema e outras sugestões.
O final da reunião foi dedicado aos informes das Comissões (Juventude, Liturgia, Doutrina, Ação Sociotransformadora e Educação e Cultura), da Assessoria de Comunicação da CNBB e de organismos como a Conferência dos Religiosos do Brasil.