09/02/2022 Papa abrirá um Simpósio no Vaticano sobre Celibato, Vocações e Tradição

Na próxima semana, será realizado em Roma o Simpósio “Sacerdócio – Conferência internacional sobre vocações presbiterais, laicais e consagradas”.  Com o tema “Por uma teologia fundamental do sacerdócio”, o evento busca dar novo impulso à promoção de todas as vocações batismais. O Papa Francisco participará da abertura do encontro, no dia 17 de fevereiro.

O simpósio é organizado pela Congregação para os Bispos e pelo Centro de Pesquisa e Antropologia das Vocações. Até o dia 19 de fevereiro, bispos, sacerdotes, leigos e religiosos vão refletir sobre o tema do sacerdócio, lembrando carisma e tradição, mas também analisar os desvios como abuso ou clericalismo, e estudar as questões que emergiram nos últimos Sínodos ou nos percursos sinodais nacionais sobre questões como celibato e vocação.

Em nome da sinodalidade

A partir das palavras do Papa, “Deus chama a um estado particular de vida: doar-nos no caminho do matrimônio, do sacerdócio ou da vida consagrada”, se desenvolverão as palestras dos relatores convidados: bispos, teólogos, sacerdotes, leigos e religiosos. Todos reunidos em nome da “sinodalidade” desejada por Francisco para “aumentar a participação no povo de Deus, a comunhão e a missão”, como sublinha um comunicado.

“A iniciativa também visa despertar o entusiasmo pela nossa fé no dom de Deus e dar um novo impulso na promoção das vocações”, disse o prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet.

A reflexão se estenderá “sobre as relações entre ministérios ordenados, leigos e religiosos para harmonizar sua contribuição, articulada e unânime, segundo o chamado à santidade dirigido a cada um”.

Tradição, abuso, celibato e carisma

Os palestrantes abordarão três temas principais: “Tradição e novos horizontes”, “Trindade, missão e sacramentalidade”, “Celibato, carisma e espiritualidade”. Ao apresentar o Simpósio na Sala de Imprensa da Santa Sé, em 12 de abril de 2021, o cardeal Ouellet esclareceu que não se trataria de “um Simpósio sobre o celibato sacerdotal”, mas uma ocasião “para realizar uma reflexão profunda sobre o tema do sacerdócio” partindo da vocação e formação e terminando com a questão dos abusos, que “certamente será um tema para uma reflexão muito profunda”. Esta chaga na Igreja, destacou naquela ocasião a teóloga Michelina Tenace, professora da Pontifícia Universidade Gregoriana, na mesa dos relatores, “tornou ainda mais urgente repensar tanto o discernimento vocacional quanto a formação dos seminaristas”.

Um passo adiante após o Concílio

O encontro quer se inserir na esteira do Concílio Vaticano II, que colocou em relação o sacerdócio dos batizados reavaliado pelos Padres e o sacerdócio dos ministros, bispos e sacerdotes, do qual a Igreja católica sempre afirmou a especificidade. Um trabalho, seguido de “polêmicas e divisões na Igreja”, observou Ouellet, acrescentando: “O que o Concílio fez não entrou na vida e na pastoral da Igreja”. Portanto, tornou-se necessário um “passo a mais” para “olhar as diferenças de forma mais profunda e harmoniosa” e também realizar “atualizações pastorais”, à luz das “questões ecumênicas” de hoje, dos desafios do multiculturalismo e da migração colocados por “movimentos culturais que questionam o papel da mulher na Igreja”. Temas, disse o cardeal Ouellet durante a apresentação, sobre os quais existem “tensões e visões pastorais divergentes”. A missão de todo o Simpósio, como delineou a professora Tenace, é “aprofundar a teologia do sacerdócio, reafirmar os traços essenciais da tradição católica sobre a identidade do sacerdote, talvez libertando-a de uma certa clericalização e algumas incrustações históricas”. “Ver o sacerdócio na estrutura global da Igreja pode trazer novas pistas”.

Sessões guiadas por chefes de Dicastério

As sessões de trabalho da manhã e da tarde dos três dias serão guiadas pelos chefes dos Dicastérios da Cúria Romana. Em ordem: o cardeal Ouellet e o prefeito da Congregação para o Clero, dom You Heung-sik (quinta-feira, 17); o prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, dom Arthur Roche, e o prefeito da Congregação para a Educação Católica, cardeal Giuseppe Versaldi (sexta-feira, 18); o arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, cardeal José Tolentino de Mendonça, e o prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, cardeal Kevin Joseph Farrell. O secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, presidirá a missa na manhã de sábado com todos os participantes na Basílica Vaticana.

 

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Fonte: repost - cnbb.org.br