Por Pe. Idlain Dalusma – Sociedade dos Sacerdotes de São Tiago, em missão na formação da Diocese de Primavera do Leste-Paranatinga/MT
Nesta primeira experiência Vocacional Missionária Nacional nas terras amazônicas passo a ter mais certeza de que a missão é essencialmente encontro. Um encontro que faz arder o nosso coração para o amor. Pois, na missão, o missionário ou a missionária não leva Jesus para os corações que não tinham, mas com o Jesus que está vivo nele, desperta o Jesus que está no coração da pessoa visitada ou encontrada, talvez não vivenciado ou reconhecido.
Reflito que esta experiência vocacional-missionária não é importante apenas para os seminaristas em formação para se tornarem missionários ou jovens em formação para se tornarem consagrados e consagradas, mas para todos aqueles que receberam a graça santificante no sacramento do batismo para serem discípulos missionários e missionárias de Jesus. E essa vocação precisa ser vivenciada na sua totalidade e integralidade. Pois, isso faz parte da nossa ontologia e indiossincrasia cristãs e da identidade eclesial.
Não se pode esquecer que na formação dos seminaristas, religiosos e religiosas, se a dimensão humana é a matéria prima, a dimensão pastoral-missionária é a alma do apostolado, pois essas duas dimensões são intrinsecamente ligadas. Porém, elas permeiam e disciplinam as outras dimensões (intelectual, espiritual e comunitária). Ou seja, a dimensão pastoral-missionária é indissoluvelmente ligada à vida cristã. Como diz o Dom Luis na sua palestra para os seminaristas antes do envio missionário para as diversas comunidades: “a missiologia é a alma da teologia”. Eu acrescento dizendo que a missiologia é a teologia na prática, ou seja, a teologia é a vivência da missão no dia a dia e não apenas um discurso sobre Deus.
E é bom lembrar que essa vivência da missão não é apenas uma etapa no processo formativo, mas ela deve estar presente ardentemente no nosso coração durante toda a nossa existência como pessoas humanas e como cristãos. Pois, é esta chama ardente dentro do nosso coração que nos conduz ao encontro dos outros, e enxergar neles o próprio Jesus que sofre e que necessita. Ou seja, se o coração não arde os pés não andam (Lc 24,32-33).
Sendo assim, faz-se importante dizer que a missão não é só sair geograficamente, mas é encontro. Encontrar-se primeiro para depois encontrar-se com o outro. Porque se sai sem essa abertura do coração, esse “sair” pode ser resumido apenas a uma viagem ou a um passeio qualquer. Mas, a missão é sair de si mesmo, dos meus gostos, jeitinhos, confortos, preconceitos e das minhas verdades que acho absolutas, para encontrar com o outro que tem a sua história, cultura e jeito de ser. São essas diferenças que nos enriquecem.
Enfim, a missão não é só sair de um lugar para outro, de uma casa para a outra de um estado para o outro ou de um país para outro, mas é ter um coração aberto e despojado para acolher, conhecer e valorizar a história e cultura do outro, partilhando a alegria do Evangelho. E, o belo e significativo nesse processo de sair ao encontro é que nos preenchem com trocas de experiências, aprendizados e conhecimentos. Pois, a missão não é exclusivamente para evangelizar os outros, ou seja, não se pode ter essa pretensão que somos especialistas missionários ou missionários especialistas, mas pelo encontro que acontece na missão também somos evangelizados.
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Com informações e fotografias: Pe Idlain Dalusma em experiência missionária nacional na Amazônia