12/07/2016 Pe. Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo – 40 anos de entrega, profecia e memória

A Inspetoria Missionária Salesiana de Campo Grande, salesianos, membros da Família Salesiana e vários representantes de órgãos da Igreja e da sociedade que trabalham em defesa dos indígenas, celebraram no dia 15 de julho, a memória dos 40 anos do martírio do salesiano Pe. Rodolfo Lunkenbein e do índio da etnia Bororo, Simão Cristino Koge Kudugodu (Simão Bororo) na reserva indígena Meruri – a cerca de 450 km de Cuiabá (MT).

MMM2683A celebração foi presidida pelo bispo de Barra do Garças (MT), Dom Protógenes Luft. O presidente da Missão Salesiana de Mato Grosso (MSMT), Pe. Gildásio Mendes dos Santos, fez a homilia da missa, destacando a importância da memória do martírio para toda a Igreja. “Neste ano tão importante que o Papa Francisco nos convida para celebrar e abraçar a misericórdia e respondendo aos apelos do Reitor-Mor na estreia para 2016: “Com Jesus percorramos juntos a aventura do Espírito”, o testemunho de fé em Jesus Cristo do Pe. Rodolfo e a aliança de sangue entre o sacerdote e o indígena, convidam-nos para renovar profundamente nosso amor a Jesus Cristo e sermos discípulos-missionários para os outros, como viveu e testemunhou nosso pai Dom Bosco”, ressaltou.

Entre os participantes da homenagem estavam pessoas da comunidade indígena que conheceram pessoalmente o Pe. Rodolfo Lukenbein e familiares do Simão Bororo. Os ritos iniciais tiveram início no cemitério onde o missionário e o índio foram sepultados. Logo após o ato penitencial, os participantes seguiram em procissão até a Praça dos Mártires. Durante o percurso, os Bororos seguiram com rituais religiosos típicos de sua cultura. Ao chegarem à praça, houve a continuidade da liturgia. Após a missa, a comunidade Bororo apresentou danças típicas e interpretou o “Hino da caminhada dos mártires”, de Dom Pedro Casaldáliga, e o “Hino Rodolfo e Simão, vidas pela vida”, escrito pelo Pe. Osmar Bezutte, sdb.

Nos dias 16 e 17 de julho foi realizada a tradicional Romaria dos Mártires da Caminhada, em Ribeirão da Cascalheira (MT), na qual Pe. Rodolfo e Simão também foram lembrados.

Processo de Martírio

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Ao celebrar os 40 anos, a MSMT seguiu as orientações do Postulador Geral para as Causas dos Santos da Congregação Salesiana, Pe. Pierluigi Cameroni, e introduziu o pedido oficial da causa do martírio do Pe. Rodolfo e de Simão Bororo.

No dia 3 de junho, o Reitor-Mor da Congregação Salesiana, Pe. Ángel Fernández Artime confirmou o início do processo de martírio em carta enviada ao presidente da MSMT.  “Com alegria comunico que a nossa Sociedade Salesiana de São Francisco de Sales se constitui como autora na promoção da causa de martírio do Pe. Rodolfo e de Simão Bororo, assumindo as suas responsabilidades morais e econômicas junto à competente diocese de Barra do Garças e a Congregação das Causas dos Santos em Roma”, escreveu o Reitor-Mor.

Para o Pe. Gildásio, o processo de martírio é de grande importância neste momento histórico de mudanças na sociedade e na Igreja e de desafios na promoção da vida, da fé, dos valores humanos e cristãos. “A celebração dos 40 anos e a confirmação do Reitor-Mor de que a congregação assume como autora da causa de martírio convida-nos a refletir seriamente sobre a radicalidade da nossa fé, da nossa opção fundamental e fiel a Jesus Cristo e sobre nosso compromisso incondicional com o Reino de Deus a serviço dos outros”.


Revista especial
Outra iniciativa da Inspetoria Salesiana de Campo Grande foi a elaboração e a distribuição de uma revista especial. Em edição única e com mais de 100 páginas, a publicação contém artigos, depoimentos, cartas, fotografias, cartas escritas pelo próprio Pe. Rodolfo e crônicas dos fatos de Meruri que levam o leitor ao entendimento de todo contexto social e histórico da época.

Um dos depoimentos da revista é a do bispo Dom Pedro Casaldáliga sobre a atuação do Padre Rodolfo como missionário:  “Eu tenho a impressão clara, convicta, de que o Padre Rodolfo foi o missionário ad Gentes completo e, concretamente, missionário ad Gentes do Terceiro Mundo, dos pobres, dos povos indígenas. Ele se doou totalmente; se encarnou e doou todas as suas capacidades espirituais, técnicas, o seu jeito, o seu sorriso, o seu olhar transparente, o coração grande, como o próprio corpo. Uma dedicação sempre esperançada. O Padre Rodolfo não conhecia o desânimo, não conhecia rupturas na sua dedicação. Padre Rodolfo no trabalho do dia a dia.” 

Fládima Christofari

Missão Salesiana