Cardeal Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), em passagem por Roma por ocasião do Consistório Ordinário Público, falou ao Vatican News sobre como o futebol é visto e vivido no Brasil em meio ao contexto sócio-político atual. Ele falou com o repórter Silvonei José.
Confira um trecho da entrevista.
Dom Orani, estamos vivendo um momento particular, falemos da atualidade: no Brasil, em festa ou em tristeza, não sei, com a Copa do Mundo. Que notícia o senhor me traz do Brasil, se realmente estão parando, na hora do futebol, que sensação o senhor tem, deste ano, com futebol?
É claro que o brasileiro tem uma ligação muito grande com o futebol. Ainda hoje as empresas fazem momento de parada, para que as pessoas assistam ao jogo, alguns dão folga naquela tarde ou manhã, ou o dia todo, e as pessoas depois compensam de outra forma; o movimento no trânsito, no Rio de Janeiro, por exemplo, fica tranquilo naquele momento do jogo. Eu estava conversando com uma pessoa que tinha vindo de metrô e disse que estava uma beleza, pouca gente viajando, no metrô. Alguns não gostam, alguns continuam a ir e vir, mas há todo um modo de parar para assistir ao jogo e fazer sua torcida, tanto nas casas como também nos lugares públicos. No Rio de Janeiro, nós temos, na Tijuca, o chamado Alzirão, em que as pessoas se reúnem nas ruas circunvizinhas e, ali, fazem a torcida e marcam presença torcendo pelo Brasil.
Tudo isso pode ser criticado, dizer que é o ópio do povo, para o povo se distrair e não ver os problemas, mas isso não muda o problema social do Brasil. Não há dúvida que a pessoa que passa por dificuldades também merece um divertimento e torcer por aquilo que gosta. Acho que, nesse sentido, faz parte um pouco da nossa índole, fazermos festa, termos essas alegrias, mesmo com os problemas e as dificuldades que nós temos; está dentro da nossa alma poder torcer, sabendo que temos coisas muito mais sérias para resolver, do que apenas uma Copa do Mundo. Mas, ao mesmo tempo, faz parte da nossa vida viver momentos de lazer.
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