É preciso estar na base, com o povo, se fazendo povo, assim como viveu Jesus de Nazaré. Essa foi uma das indicações de como e para onde devem seguir as CEBs no Brasil, conforme reflexão realizada ontem (sexta, 25), no segundo dia da reunião ampliada das Comunidades Eclesiais de Base, que ocorre no Centro Nova Evangelização (Cene)/CNBB-Regional Oste 2, em Cuiabá (MT). O encontro começou na quinta-feira e se estende até domingo.
Mas estar com o povo pressupõe enxergar as CEBs num contexto atual de crise civilizatória, com a maioria das pessoas na zona urbana, sob um capitalismo devastador e uma nova forma de organização social. Ou seja, não vivemos nos anos 60-80, quando o jeito de ser igreja das Comunidades Eclesiais de Base tinha grande espaço no catolicismo e penetração na sociedade.
Para um dos assessores a Ampliada Nacional das CEBs, Celso Carias, só com esse discernimento é possível fazer uma experiência de fé inserida na realidade do povo e apontar para a construção de um mundo com democracia participativa, justiça e paz. É algo que ele enxerga resumido no conceito e prática do “bem viver”, que respeita a natureza e valoriza a ecologia integral. Carias também integra o Setor CEBs da CNBB.
“Estar na base é ser presença efetiva no dia a dia do povo. Na passagem bíblica do homem da mão seca (Mc 3, 1-6), Jesus em primeiro lugar dá a ele dignidade, chamando-o para o meio da sinagoga”, disse. E contou uma história ouvida na sua lida pastoral que demonstra a complexidade de ser escuta atenta junto ao povo.
“No Rio de janeiro, uma mulher pobre, solteira, com dois filhos, trabalhava fora de casa. O mais velho, fruto de um estupro, levava a irmã menor para a escola de bicicleta, até que sofreram um acidente no caminho. A menina caiu, bateu a cabeça e morreu. E a mãe, diante disso, disse: ‘É vontade de Deus’. Essa mulher é povo, esta é sua realidade. Não podemos julgar, temos que ajudar”.
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