A Comissão Especial para os Bispos Eméritos, com a nova composição aprovada em outubro de 2019, se reuniu na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), dias 19 e 20 de fevereiro. De acordo com o novo presidente da Comissão, o bispo emérito de Barra do Piraí – Volta Redonda (RJ), dom Francisco Biasin, o foco desta primeira reunião é, primeiro, na organização da própria Comissão.
Dom Biasin informou que um dos temas tratados pela Comissão foi a vida do bispo emérito na Igreja no Brasil. “A inserção destes é cada vez maior na vida da Igreja de acordo com os dons e a experiência que cada um acumulou”, disse. O serviço que os eméritos prestam, destacou o novo presidente, não se baseia no exercício da autoridade, mas no seu jeito de ser e viver a gratuidade como pastor. Segundo dom Biasin, os bispos eméritos não têm mais o poder mas têm um dom de ser pastores que continuam dando a vida pela Igreja de acordo com a nova situação que estão vivendo. Portanto, é um novo jeito de ser como bispo.
“Não vamos para o declínio, nós vamos para um momento de quase renascimento diante da Igreja que servimos que em geral nos pede como, por exemplo, para pregar retiro aos padres, palestras, encontros com pessoas que nos solicitam, uma palavra e, sobretudo, uma presença sacramental”, disse.
“Mas afinal, um bispo emérito ainda é bispo?”. De acordo com o bispo emérito da diocese de Santo André (SP), dom Nelson Westrupp, perguntas como esta são muito comuns na Igreja e a Comissão Especial para os Bispos Eméritos da CNBB trabalha para esclarecer qual o papel dos eméritos.
Segundo dom Nelson, a Comissão está a serviço da CNBB e, por extensão, a todos os bispos eméritos, mas não só, também aos bispos, sacerdotes, à Igreja e ao povo de Deus. “Apesar de continuarem exercendo o ministério e sacramento da ordem e com o papel de ensinar e santificar o povo de Deus, o trabalho dos eméritos é até certo ponto um pouco desconhecido”, disse.
Ordenado em 1974, o bispo emérito de Coari (AM), dom Gutemberg Freire Régis foi o primeiro bispo consagrado para a Amazônia. Hoje com 80 anos ele fica feliz de ver materializadas na exortação pós sinodal “Querida Amazônia” muitas demandas que os bispos da região vêm apresentando há 40 anos.
Como membro da Comissão, ele disse que seu papel é trazer para o debate a especificidade do que é ser bispo emérito no bioma. “Eu percebo que os desafios dos bispos eméritos no Sul do Brasil, no Centro-Oeste são bem diferentes da região Norte. Na comissão, a gente pode trazer esta percepção sobre a região”.
Um dia da 58º Assembleia Geral do episcopado brasileiro, a ser realizada de 22 a 30 de abril, em Aparecida (SP), será dedicado aos bispos eméritos. Haverá uma celebração e a Comissão terá um momento na agenda do evento para apresentar suas demandas. Em 2021, acontece o 6º Encontro Encontro Nacional dos Bispos Eméritos do brasil em Belo Horizonte (MG).
“A nossa presença é muito assim valorizada na Assembleia. Não temos direito a voto, mas a voz sim, podemos falar no plenário, participar do nosso regional e também das Comissões que eventualmente requerem a nossa contribuição”, disse dom Biasin.
Criada em 2012, pela CNBB, esta Comissão tem o objetivo de acompanhar os bispos eméritos, bem como apoiá-los e dá-los assistência. Atualmente, a Igreja no Brasil conta com 174 bispos eméritos, e cabe à esta Comissão ser o elo de comunicação entre eles e os bispos na ativa.
De acordo com o Código de Direito Canônico (CDC), recebe o nome de “emérito” aquele bispo que “perder o ofício por limite de idade ou por renúncia aceite”. A Igreja estabelece a idade de 75 anos para a apresentação do pedido de renúncia ao papa. A aposentadoria, afirma dom Biasin, é u um jeito de reinventar a vida a partir dos 75 anos. “Isto é muito bonito porque no lugar de deprimir-nos nos dá esperança”, disse.
Atendendo ao que é estabelecido no CDC, de que a Conferência episcopal “deve procurar que se proveja à conveniente e digna sustentação do Bispo que renuncia, tendo em consideração a obrigação primária a que está sujeita a própria diocese que serviu”, é que está estruturada a Comissão Episcopal para os Bispos Eméritos da CNBB. Atualmente, ela conta com uma nova composição para este quadriênio (2019 – 2023).