Domingo, 16 de maio de 2021, é o 38º anual International AIDS Candlelight Memorial. Momento em que organizações em todo o mundo lembram dos amigos e familiares que perderam alguém vítima do HIV/AIDS e aumenta nossa conscientização, com o tema deste ano nós lembramos, nós agimos, nós vivemos além do HIV.
O International AIDS Candlelight Memorial, abraçado no Brasil pela Pastoral da Aids como Vigília pelos mortos de AIDS, é um momento para todos nós lembrarmos das muitas vidas perdidas pela AIDS. Também é uma oportunidade para homenagear aqueles que dedicaram suas vidas a ajudar as pessoas que vivem com o HIV. As pessoas que vivem com o HIV iniciaram o International AIDS Candlelight Memorial em 1983 e, desde então, houve milhares de eventos organizados em todo o mundo por organizações comunitárias, desde manifestações públicas, a cerimônias animadoras em locais de culto e locais de trabalho. Tais eventos ajudaram a aumentar a conscientização sobre o HIV e, mais importante, ajudaram a quebrar o estigma em nossas comunidades.
Essa Vigília nos lembra que os mais afetados pela epidemia do HIV: incluindo pessoas vivendo com HIV em toda a sua diversidade (mulheres, homens, jovens, os pobres, os desabrigados e instáveis, migrantes e pessoas anteriormente ou atualmente encarceradas) precisam continuar na linha de frente, liderando nosso movimento pelo direito à vida e o direito à saúde. Isso inclui lutar por serviços universais, abrangentes e sustentáveis de tratamento, cuidados e prevenção, e intensificar nosso trabalho em torno dos direitos humanos, redução do estigma, justiça social e econômica para garantir que ninguém seja deixado para trás.
A Vigília pelos mortos de AIDS é muito mais do que apenas um memorial. Serve como uma campanha de mobilização comunitária para aumentar a consciência social sobre o HIV e a AIDS. Com quase 38 milhões de pessoas vivendo com HIV atualmente, a Vigília pelos mortos de Aids serve como uma importante intervenção para a solidariedade global, quebrando barreiras de estigma e discriminação e dando esperança às novas gerações.
A Vigília pelos mortos de Aids nos lembra do tremendo impacto que o HIV e a AIDS tiveram em nossas vidas. Ela enfatiza a necessidade das pessoas que convivem, vivem e são afetadas pelas realidades do HIV unirem as mãos e refletirem sobre o passado e as vidas preciosas que foram perdidas. A Vigília também nos convoca a compartilhar nossas histórias de desafio, perseverança e triunfo para educar as gerações atuais e futuras sobre o que o movimento de AIDS alcançou nas últimas três décadas. Finalmente, a Vigília pede para trabalharmos juntos, agora mais do que nunca, para sustentar, fortalecer e revitalizar nossa resposta mundial ao HIV, olhando para frente e preparando nosso futuro livre do estigma e discriminação relacionados ao HIV e com acesso universal a toda a gama de direitos humanos, incluindo serviços de prevenção, tratamento e cuidados de qualidade para todos. E para que todos “tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10b).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que desde o início da epidemia, em 1981, até os dias atuais, mais de 38 milhões de pessoas morreram de AIDS em todo o mundo. E continuam a morrer… Uma análise do UNAIDS revelou os impactos potenciais que a pandemia de Covid-19 poderá ter sobre o fornecimento de medicamentos antirretrovirais para tratar o HIV. Recentes estatísticas estimam que uma interrupção completa de seis meses no tratamento do HIV pode levar a mais de 500.000 mortes adicionais por doenças relacionadas à Aids. Segundo o Boletim Epidemiológico (BRASIL, 2020), desde o inicio da epidemia de Aids no Brasil (1980) até 31 de dezembro de 2019, foram notificados no Brasil 349.784 óbitos tendo o HIV/Aids como causa básica.
No Brasil a Pastoral da AIDS mobiliza ações alusivas ao terceiro domingo de maio realizando a Vígilia pelos Mortos de AIDS, trazendo neste ano, o tema Memória e Engajamento, expressão que coloca em comunhão as pessoas que faleceram e estão na presença de Deus, com aquelas que cuidam da vida e buscam que os direitos humanos sejam respeitados, uma vez que estamos na encruzilhada de um momento turbulento e transformador nos setores globais de AIDS, saúde e desenvolvimento com desafios políticos e financeiros multifacetados que afetam a força e a sustentabilidade de redes de pessoas vivendo com HIV e populações-chave em todo o mundo.
Observamos que o apoio para a sociedade civil, particularmente para a defesa de direitos e para redes lideradas por e para pessoas que vivem com o HIV, está diminuindo. A continuação das violações dos direitos humanos contra as pessoas mais marginalizadas e a falta de disposição política para aumentar as respostas nacionais ao HIV deixaram demasiadas pessoas vivendo com o HIV expostas a múltiplos riscos e colocaram em risco os duros ganhos obtidos durante as últimas décadas.
É postura dos cristãos defender a vida, principamente onde ela é mais ameaçada. E por isso, não podemos aceitar que tantas vidas se percam para a epidemia da Aids. Com isso, seguindo os ensinamentos de Cristo, queremos fazer memória em busca da atualização do mistério salvífico, anunciar o Reino e denunciar os sinais de morte presentes em nossas diversas realidades sociais. E como sal da terra e luz do mundo, testemunhar “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos” (Lc 4,18) e “curar os doentes” (Mc 6,13).
Neste momento difícil, quando ainda o mundo lida com a pandemia de coronavírus, precisamos apoiar nossas famílias e comunidades a permanecerem saudáveis. Mesmo o COVID-19 dificultando a realização de encontros públicos tradicionais, devemos tomar medidas que sejam seguras para que vivamos além do COVID-19 e do HIV. Iremos mobilizar os encontros virtuais e as reflexões individuais para que ao lembrarmos das pessoas que perdemos, compartilhando suas histórias e revivendo suas memórias, iremos também intensificar nossa luta pela saúde e pelos direitos de todas as pessoas vivendo e convivendo com HIV e AIDS em todo o mundo.
Vigília pelos Mortos 2021 – Sugestões para Celebrações