Cerca de 70% das comunidades católicas no Brasil não têm acesso à Celebração da Eucarística presidida por um ministro ordenado. O dado faz parte do Documento 43 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que trata da animação da vida litúrgica no país. É neste contexto que a entidade destacou uma Comissão Especial da Celebração da Palavra para elaborar um documento com orientações para as comunidades que se encontram nesta situação.
A Comissão foi formada a partir de uma solicitação do Conselho Permanente da CNBB com a missão de caracterizar melhor a Celebração da Palavra de Deus e oferecer propostas concretas de roteiros, diante da realidade atual, oferecendo novas pistas de ação. O texto foi aprovado na 55ª Assembleia Geral dos Bispos, realizada em Aparecida (SP) de 26 de abril a 5 de maio.
De acordo com o bispo de Paranavaí (PR), dom Geremias Steinmetz, que presidiu a Comissão especial sobre a celebração da Palavra de Deus, o texto pretende refletir sobre como essas comunidades, mesmo não celebrando a Eucaristia dominicalmente, “podem santificar o domingo. O significado do domingo cristão e especialmente as três principais pontuações do domingo que são: dia da comunidade, dia da Palavra e dia da Eucaristia”.
Documentos da Igreja
Segundo o dom Aloísio Alberto Dilli, bispo de Santa Cruz do Sul-RS e membro da Comissão para Textos Litúrgicos da CNBB, foi boa a recepção do texto pelo episcopado. Isto se deve à uma crescente valorização da celebração da palavra na Igreja desde o Concílio Vaticano 2º, com a publicação da Dei Verbum, constituição dogmática que aborda a relação entre sagradas escrituras e tradição.
Dom Aloísio lembra que a exortação apostólica pós-sinodal do Papa Bento XVI Verbum Domini, sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja, chega a falar da sacramentalidade da palavra de Deus. “A palavra de Deus tem um caráter perfomativo: através dela Deus fala, Deus realiza”, disse. O documento nº 25 da CNBB, que trata das comunidades eclesiais de base, afirma que a Palavra de Deus torna presente o mistério pascal.
Por meio da palavra, afirma o religioso, acontece a oração, a comunhão das pessoas e o acolhimento. “A palavra de Deus tem uma sacramentalidade. É viva, eficaz e realizadora”, disse destacando, ainda, a afirmação de São Pedro que diz que a “Palavra de Deus é eterna”. O documento recomenda ainda a prática da leitura orante da Palavra de Deus. Por meio dela, as pessoas escutam a palavra, percebem qual a mensagem de Deus em seu contexto e vida e, por meio da oração, elevam seu sentimento ao Pai.