“Com a bênção e inauguração deste barco hospital nós estamos dando uma resposta concreta, expressão da caridade, da providência de Deus que se faz presente através deste gesto, deste barco que vai atender tantas e tantas pessoas, ribeirinhos, indígenas e os povos das cidades”, destacou o arcebispo de Belém (PA) e vice-presidente do Regional Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Alberto Taveira. O prelado conduziu a cerimônia de bênção do barco hospital Papa Francisco, na noite do último sábado, 17, na capital paraense.
Na parte da tarde, foi realizada a cerimônia de inauguração do Barco Hospital Papa Francisco na Providência de Deus, em Belém. O evento ocorreu no auditório do Hotel Grand Mercure e contou com a presença de várias autoridades, além de dom Alberto: o fundador da Associação São Francisco na Providência de Deus, frei Francisco Belotti; o secretário da Nunciatura Apostólica no Brasil, monsenhor Massimo Catterin; e o procurador geral do Trabalho, Ronaldo Fleury. O bispo de Óbidos (PA), dom Bernardo Bahlmann, não pôde estar presente e foi representado por dom Alberto. Será nesta diocese que o barco hospital atenderá a maior parcela da população ribeirinha.
Envolvendo autoridades e convidados, a cerimônia iniciou com uma apresentação de carimbó que trouxe a música “Pan-Amazônia Ancestral”, de Antônio Cardoso, e fez todos cantarem: “ribeirinhos, guardiões, da nossa casa comum, ‘Laudato Si’ é Francisco chamando um a um”. Em seguida, foi composta a mesa por autoridades eclesiásticas, civis e militares, que puderam também discursar sobre a importância daquele momento para a história da Igreja e da sociedade. Bastante expressiva era a presença dos franciscanos na providência de Deus e outros religiosos de congregações diversas.
Emocionado, frei Francisco Belotti iniciou sua fala fazendo uma analogia entre o Rio Amazonas com seus afluentes e a história da Associação por ele criada. “Quem olha a nascente do Rio Amazonas, na Cordilheira dos Andes, tão frágil e pequena, jamais imaginaria os tantos quilômetros que ele percorre até chegar um barco. Mas o Amazonas não está só, existem diversos afluentes, diversas nascentes que agregam a ele e tornam quem ele é hoje. A história deste rio é muito próxima da história do barco-hospital e da associação nascida numa cidade pequena do interior de São Paulo, uma casinha pré-fabricada, usada para morte e para o crime. Deus pegou aquela casa e inicia esta missão, este caminho que seria percorrido até este dia 17 de agosto de 2019”, contou o sacerdote entre lágrimas.
Dom Alberto trouxe aos presentes a carta enviado pelo Papa Francisco. “Para além de ser um belo gesto concreto em vista do Sínodo para a Amazônia, este hospital fluvial é acima de tudo uma resposta ao mandato do Senhor, que continua a enviar os seus discípulos a anunciar a Palavra de Deus e curar os doentes”, afirma um trecho da carta. O pontífice ainda recordou seu pedido de uma Igreja Samaritana, “um ‘hospital de campo’, acolhendo a todos sem distinções ou condições. Com esta iniciativa, Ela se apresenta agora também como um ‘hospital sobre as águas’. E, do mesmo modo como Jesus, ao aparecer caminhando sobre as águas, acalmou a tempestade e fortaleceu a fé dos discípulos, este barco levará tanto o conforto espiritual como a calmaria para as agitações dos homens e mulheres carentes, abandonados à própria sorte”, finalizou Francisco.