O documento vai oferecer uma reflexão sobre exorcismos, rituais de cura e libertação
A Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vai lançar durante a 55ª Assembleia Geral da CNBB, entre os dias 26 e 5 de maio, em Aparecida (SP), dois subsídios doutrinais. Um deles aborda os “Exorcismos: Reflexões teológicas e orientações pastorais” e o outro vai falar sobre o ensino de Filosofia na Formação Presbiteral. Todo o material foi elaborado pelos bispos e padres membros da comissão com o apoio do Grupo Interdisciplinar de Peritos (GIP), órgão de assessoria teológica para auxiliar a comissão no cumprimento de sua missão e de suas atribuições.
O bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro Carlos Cipollini, diz que o subsídio vai oferecer uma reflexão sobre exorcismos, rituais de cura e libertação que vem preocupando muitos bispos, que inclusive, solicitaram que a comissão tratasse do assunto.
“Nós vemos que surge nesse momento de crise uma situação onde as pessoas se desesperam, inclusive, agravam-se as preocupações, a falta de sentido da vida, a droga, são tantas crises acumuladas, inclusive, aumento de suicídio no meio de jovens. E no meio de tudo isso, nós vemos desespero e a apelação, por exemplo, a questão de exorcismos não só na Igreja Católica, mas também fora, em muitas outras denominações religiosas. Por isso, nós vamos oferecer uma reflexão sobre o tema”, contextualiza o bispo. Para dom Cipollini, é inevitável ao abordar as questões de exorcismos, de benção, de cura, libertação do maligno, tratar também da questão do maligno, a existência do mal a partir da fé Católica e da Sagrada Escritura. “É uma reflexão que tem um último capítulo de sugestões práticas diante dessa realidade”, destaca.
Em diversos grupos religiosos, não somente entre os cristãos, são realizadas pregações confusas sobre a ação do diabo ou dos demônios. Para alguns, todo mal no mundo é resultado da constante ação do diabo que tenta a humanidade.
“Existe exagero quando as pessoas estão desesperadas em todos os sentidos. Então, é evidente que existem exageros, inclusive, existe a tendência de imitar outras denominações religiosas no que tange a essa questão de exorcismo para atrair fieis, às vezes, para satisfazer uma demanda, de forma que o estudo trata de tudo isto”, pontua o bispo.
Essas práticas se valem de rituais, palavras e oráculos que pretendem dominar o maligno, especialmente quando ele é entendido como uma entidade que se apossa de pessoas, objetos e lugares. Igualmente, em certos grupos eclesiais, multiplicam-se reuniões para rezar, a fim de obter a libertação da influência dos demônios, embora não se trate de exorcismo propriamente dito. Foco das reflexões do texto, a questão do mal e da apelação para os exorcismos serão iluminadas pelo ensinamento da Igreja, a qual possui o ritual dos exorcismos, baseado na tradição e no magistério.
O subsídio doutrinal traz sete capítulos que vão tratar, entre eles, do Diabo e demônios na Sagrada Escritura; Jesus Exorcista; O maligno segundo a Tradição cristã e Ensinamentos do Magistério recente. No último capítulo, o subsídio traz uma reflexão e sugestões práticas diante dessa realidade.
Durante a Assembleia também será lançado o subsídio sobre o ensino de Filosofia na Formação Presbiteral. O material é propositalmente sintético, convidando a refletir sobre a importância do tema de que trata e de sua articulação com o conjunto da formação de quem se prepara para o ministério sacerdotal. Seu objetivo é discutir a importância do ensino de Filosofia na formação presbiteral, pontuar algumas dificuldades encontradas atualmente na formação filosófica e pôr em relevo algumas linhas que ajudem na organização de cursos de Filosofia de qualidade que respondam às exigências da Igreja, no contexto atual.
A reflexão tem como referenciais os Documentos do Magistério dos Pontífices e dos Dicastérios da Cúria Romana sobre a formação presbiteral, especialmente a Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis de 2016 (Da Vocação Presbiteral); o Decreto de Reforma dos estudos eclesiásticos de Filosofia, 2011; a Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis de 1985 e sua aplicação na Igreja do Brasil (as Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil, 2010), levando em consideração as circunstâncias culturais e sociais do tempo presente.
A Comissão já entregou à Igreja no Brasil uma reflexão sobre o ensino da Teologia (Subsídios Doutrinais n. 6). Agora, respondendo a solicitações recebidas e à necessidade de que ela mesma reconhece de aprofundar o tema, dá continuidade à precedente reflexão.