O Compromisso Profético Social é a quarta e última prioridade de atuação do Programa Missionário Nacional (PMN) que contempla as ações concretas em três grandes projetos: Diálogo e comunhão com as pastorais sociais; Igreja em Saída e Ecologia integral.
De acordo com o bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Odelir José Magri, essas ações são o caminho, os meios e os instrumentos necessários pelos quais se concretiza a dimensão Querigmática da missão.
“A importância destas ações é, em primeiro lugar, envolver os sujeitos da missão nas experiências concretas e assim tomar consciência que o Espírito Santo é o protagonista da missão. A missão não é nossa, mas é de Deus. Nós participamos, somos colaboradores e colaboradoras de Deus na missão. Por isso podemos dizer com papa Francisco: A vida é missão”, ressalta o bispo.
A prioridade do Compromisso profético social comtempla três grandes projetos:
1 – Diálogo e comunhão com as pastorais sociais: Semana social brasileira, grito dos excluídos, Campanha da Fraternidade, Semana dos Povos Indígenas, Dia nacional da Juventude, Dia do Pobre, Dia do Nascituro, semana da vida… Viver, participar e envolver nossas comunidades em tudo isso com um espírito missionário, atitude de saída para ir ao encontro dessas realidades existenciais e de fronteira.
2 – Igreja em Saída: presença e atuação dos discípulos missionários de JC nas periferias geográficas e existenciais – isso no intuito de envolver, chamar para a participação e protagonismo dos cristãos, dos pobres, dos excluídos na ação evangelizadora. Aqui destacamos também a importância e riqueza da experiência das Missões populares, como metodologias e envolvimento das pessoas na missão. E enfim, a dinamização, motivação e incentivo ao projeto da “Missão Sem Fronteiras”.
3 – Ecologia integral: toda a preocupação ecológica do cuidado da casa comum. Promoção e defesa dos direitos e cultura das comunidades tradicionais e dos povos indígenas. Participação nas romarias da terra e das águas e dos mártires e enfim, concretização das diretrizes do Sínodo para a Amazônia.
Dentro desse escopo está o trabalho desenvolvido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à CNBB que desde 1972 atua em defesa dos direitos dos povos indígenas do Brasil. Para o Secretário Executivo do Cimi, Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, o Compromisso Profético Social requer a luta pela vida em plenitude, a vida que se sonha ver respeitada na sua integralidade e diversidade.
“A partir da fé, com seus desdobramentos na proximidade aos povos indígenas (inculturação) e na universalidade de sua causa (libertação), os missionários e missionárias sabem que os índios devem crescer e eles diminuir. Por isso, o Cimi incentiva, tanto no campo político como no campo religioso, o protagonismo missionário e uma fé adulta como sujeitos históricos da sociedade. Na luta e na contemplação, nas conversas noite adentro e na oração, de braços dados com os povos indígenas, com os pobres excluídos, cresce a nossa própria fé”, ressalta.
Dom Odelir destaca ainda que todo esse processo atualmente iluminado pelo Programa Missionário Nacional, coloca numa perspectiva positiva e privilegiada a caminhada missionária da Igreja no Brasil. “Temos tudo para avançar e crescer como Igreja Missionária ‘em saída’ aberta para o mundo”, disse.
Segundo o Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, ser missionário no Cimi é estar em constante atuação solidária junto aos povos indígenas. “Para isso, precisa haver a transformação interior para a abertura do amor ao próximo e a opção pelos povos indígenas, além da devida ampliação da capacidade de escuta. Também é necessário se conscientizar criticamente para se opor ao modelo de desenvolvimento opressor e excludente que causa a morte. A consciência e atuação dentro de uma Pastoral específica, integral e amplamente articulada”.
O compromisso profético social junto com a ‘formação missionária’, ‘animação missionária’ e ‘missão ad gentes’, compõe os quatro temas prioritários do Programa Missionário Nacional que foi construído para ser ponte de integração, com o objetivo de contribuir para que a missão seja, de fato, parte integrante da vida do cristão católico e dos organismos eclesiais.
Segundo a Comissão para Ação Missionária, a missão não pode ser concebida como algo restrito a algumas pessoas ou grupos “especializados”, mesmo que sejam muito capacitados e experientes e cultivem carismas específicos. O Programa Missionário Nacional é uma pequena semente que aponta para uma maior comunhão.
“A importância da Pastoral Missionária é assumir e dar continuidade a esse processo do PMN. E para isso temos hoje o reforço e apelo do Papa Francisco com a Evangelii Gaiudium: “A ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG 15). Isso vai se concretizando com todas as forças missionárias em nível de Brasil, especialmente reforçando e implantando os Conselhos Missionários (COMIRE – COMIDI – COMIPA ou GAM), destacando também a importância da IAM em nível de Brasil, a Juventude Missionária, e nestes últimos tempos a crescente organização dos COMISEs, Conselho Missionário dos Seminaristas”, destaca dom Odelir.
Mês missionário 2020
Durante todo o mês de outubro, a Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com as Pontifícias Obras Missionárias (POM) e outros organismos membros do COMINA – Conselho Missionário Nacional, realiza a Campanha Missionária 2020, que este ano traz como tema: “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8).
Conheça mais nos links abaixo das outras três prioridade de atuação do Programa Missionário Nacional (PMN)
Foto de capa: Photo-by-Perry-Grone-on-Unsplash