09/04/2019 Diocese de Rondonópolis/Guiratinga realizou a 28ª Romaria dos Mártires

A Romaria dos Mártires, na sua 28ª edição, se constitui como o maior evento católico da diocese de Rondonópolis-Guiratinga. Caminhada iluminada pela Palavra de Deus, pelo sangue dos Mártires que doaram a vida no anuncio do Evangelho, na defesa da dignidade da pessoa, de políticas públicas de qualidade e iguais para todos bem como o cuidado com o Planeta Terra e contra tudo que desfigura a imagem de Deus nas pessoas.

A Romaria dos Mártires lembra uma história de fé e de compromisso. São 28 anos. No nascedouro (1991) o saudoso dom Osório Stoffel e então Pe. Giovane Pereira de Melo, hoje bispo de Tocantinópolis, com lideranças tiveram a iniciativa de realizar uma caminhada de fé na cidade de Rondonópolis durante a quaresma, mais próximo à data do martírio de São Oscar Romero. Uma semente foi lançada, e já estamos colhendo muitos frutos e sementes que são lançadas no coração e na mente de tantos que vão levar esta tradição para as próximas gerações.

Neste ano realizou-se no 5º domingo da quaresma, a 28ª Romaria dos Mártires, em Rondonópolis-MT, no dia 07 de abril de 2019 com o tema: Profetas da é, esperança e da Justiça e lema: “Serás liberto pelo Direito e pela justiça” (Is 1,27).

Romaria é tempo de celebrar e manter viva a memória daqueles e daquelas que deram suas vidas em defesa da vida e, hoje são para nós testemunhas de entrega da vida, pela justiça, pela defesa dos pequenos, por amor a Jesus Cristo. Nas palavras de abertura D. Juventino assim se expressou “28º anos de Romaria dos Mártires. São vinte e oito anos de expressão publica da fé e solidariedade com as causas sociais mais gritantes que machucam o ser humano. Mas por que aqui nos reunimos? O que nos motiva? Sim, é por causa de Jesus. Aquele que veio ao mundo como enviado do Pai. Por amar muito o Reino de seu Pai, doou a sua vida pela instauração de seu projeto de amor para com todos nós seus filhos e filhas. Deus nos deu a terra com tudo o que existe de bom e de belo como obra prima de da criação. Tudo que Deus fez foi muito bom, por isso a defesa das boas políticas públicas”.

Além da acolhida das paróquias, os jovens do Oratório Dom Bosco fizeram uma coreografia sobre o hino da Campanha da Fraternidade, seguido do gesto de erguer a cruz com os jovens e iniciar a tocando a mão na terra para iniciar a caminhada. E foram lembrados os mártires: Jesus o Filho de Deus que morreu pregado na cruz pela nossa salvação caminha à nossa frente. Ele caminha conosco, ele vai à nossa frente. Com Jesus, São Oscar Romero, bispo de El Salvador, na América Central, martirizado durante a celebração da missa. Defensor do povo e da justiça. Era o ano de 1980. Pe. Rodolfo Lunkenbein e o índio Bororo Simão Cristino Koge Kudugodu (Simão Bororo). Pe Rodolfo, salesiano, conhecido do Pe. Gunther, Pe. Lothar, Pe. Mário. Martirizado em Merure, em 1987 em defesa dos povos indígenas. Mais um martirizado pela causa da justiça e defesa dos indefesos. Padre João Bosco Bunier – Mártir em defesa da vida no dia 12 de outubro de 1976 – Ribeirão Cascalheira São Félix do Araguaia. Pe. Ezequiel Ramin, assassinado em 1984 ao voltar de uma missão de paz na Fazenda Catuva, em Cacoal – Rondônia; Ezequiel Ramim – dedicou sua vida aos mais pobres e injustiçados. Era Missionário Comboniano. Um padre que doou a vida. Irmão Vicente Cañas Costa, Jesuíta, assassinado aos 06 de abril de 1987 em Juina, MT. Exercia a missão pela preservação de seu território, com demarcação da Terra Indígena Enawenê-Nawê e por ações de saúde dos povos indígenas. Nomes como dom Helder Câmara, profeta do nordeste, defensor dos pobres e abandonados é testemunho de vida.

Também lideranças que são defensores de Politicas Públicas para todos: Irmã Dorothy, assassinada em Anapu, sudoeste do Pará, aos 12 de fevereiro de 2005. Comprometida com os pequenos agricultores, assentados em busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica. Chico Medes, sindicalista e seringueiro, morto em Xapuri, em 1988. Margarida Aves. Margarida Maria Alves, mulher forte e dedicada, recebeu um tiro no pescoço em Alagoa Grande, aos 5 de agosto de 1983. Foi uma sindicalista e defensora dos direitos humanos.

A caminhada foi animada pelo casal Dirceu e Tania Coelho, com Padre Eriovado. Reflexões, cantos, orações, rito penitencial.

No espaço Cais/Casario, nascedouro da cidade mais de 8 mil pessoas se aglomeravam para participar da celebração da eucaristia presidido por dom Juventino Kestering e concelebrada pelo presbitério da diocese. Na celebração da missa a Palavra de Deus foi trazida com, alegria. A primeira leitura foi proclamada pelos índios Bororo na sua língua nativa e a segunda leitura pela raça negra. Na homilia dom Juventino expressou: “Mártires são homens e mulheres que através do batismo assumiram o compromisso de seguir Jesus Cristo, de anunciá-lo; de denunciar o pecado e as estruturas de injustiças, de ganância e de opressão”.

Momento expressivo foi a procissão das oferendas com apresentação do fruto do trabalho de: Acampamento Padre Tem Kat, assentamentos Egídio Brunett Salete Stronzak, Pe. Josimo trouxeram os frutos da terra. Assentamento Banco da Terra com Baltazar os frutos do Serrado e mudas de plantas nativas. Também com seus símbolos a Pastoral da Mulher Marginalizada, a Caritas Diocesana, Casa Bom Samaritano, Casa Esperança com a panela vazia, a Pastoral de criança, com Scheila com suas lideres, Casa Terapêutica da Associação da Divina Providencia – (Maria Guiomar). Economia solidária – cesto de alimentos. Pão e Vinho – representando a Mulher camponesa com Dete e Elison.

No final da celebração foi realizado o gesto de partir e distribuir o pão para cada romeiro, a entrada da Imagem de Nossa Senhora, com as luzes do celular e o compromisso de continuar a missão com a fé e na construção do Reino de Deus. Segundo a equipe organizadora mais de oito mil pessoas estavam participando da Romaria.

Alguns testemunhos foram significativos para a fé: “Fiquei imensamente feliz. Deus seja louvado pela vida de nossas famílias que considero realmente verdadeiros mártires em busca de sobriedade”. “Experiência única. Muito abençoada! Eu fui com toda minha família, pela 1º vez. Eu já participava com frequência, eles não… Valeu muito a pena cada momento. Foi linda! Obrigada Diocese de Rondonópolis-Guiratinga por nos proporcionar momentos tão marcantes na nossa Igreja, na nossa vida”. “O cansaço da caminhada é gratificante, pois agente se sente muito bem. A minha mãe tem 67 anos e não perde uma Romaria e faz questão de acompanhar a pé toda caminhada”. “Amei a romaria. Agente se sente forte com o amor de Deus através da nossa fé nem se sente cansado”. “Foi minha primeira vez na Romaria, me senti abençoada por poder estar lá fortalecida na fé”.

Pastoral da comunicação – Pascom

Diocese de Rondonópolis Guiratinga