Estamos no domingo de Páscoa, dia da ressurreição de Jesus, centro de nossa vida cristã. O espaço litúrgico e os paramentos são brancos. Um pano branco pendurado na cruz. O espaço celebrativo pode ser embelezando com flores. É festa da ressurreição. É vida, é perfume, é certeza da Ressurreição. O evangelho (Jo 20, 1-9) relata o reencontro de Jesus com Maria Madalena.
Carlos Mesters e Orofino Lopes escrevem um maravilhoso comentário intitulado:
“Buscar sempre, sem desanimar”. Escrevem: “O capítulo 20 do Evangelho de João traz alguns episódios que nos transmitem a experiência e a idéia da ressurreição que existia nas comunidades do Discípulo Amado. Eis o conteúdo: 1. Maria Madalena vai ao sepulcro, vê a pedra retirada e chama os apóstolos. O Discípulo Amado e Pedro vão verificar o acontecido. O Discípulo Amado viu e acreditou. 2. Maria Madalena reencontra Jesus e tem uma experiência de ressurreição. 3. A experiência de ressurreição da comunidade dos discípulos. 4. Uma nova experiência comunitária de ressurreição com Tomé. 5. Conclusão: o objetivo da redação do evangelho é levar as pessoas a crerem em Jesus e, acreditando nele, terem a vida.Na maneira de descrever a aparição de Jesus a Maria Madalena, transparecem as etapas da travessia que ela teve de fazer, desde a busca dolorosa até o reencontro da Páscoa. Estas são também as etapas pelas quais passamos todos nós, ao longo da vida, na busca em direção a Deus e na vivência do Evangelho.
Maria Madalena chora, mas busca. Havia um amor muito grande entre Jesus e Maria Madalena. Ela foi uma das poucas pessoas que tiveram a coragem de ficar com Jesus até a hora da sua morte na cruz. Depois do repouso obrigatório do sábado, ela voltou ao sepulcro para estar no lugar onde tinha encontrado o Amado pela última vez. Mas, para a sua surpresa, o sepulcro estava vazio. Os anjos perguntam: “Por que você chora?” Resposta: “Levaram meu senhor e não sei onde o colocaram!” Maria Madalena busca o Jesus que tinha conhecido e com quem tinha convivido durante três anos.
Maria Madalena conversa com Jesus sem reconhecê-lo. Os discípulos de Emaús viram Jesus, mas não o reconheceram (Lc 24,15-16). O mesmo acontece com Maria Madalena. Ela vê Jesus, mas não o reconhece. Pensa que é o jardineiro. Como os anjos, Jesus pergunta: “Por que você chora?” E acrescenta: “A quem está procurando?” Resposta: “Se foi você que o levou, diga-me, que eu vou buscá-lo!” Ela ainda busca o Jesus do passado, o mesmo de três dias atrás. A imagem do Jesus do passado impede que ela reconheça o Jesus vivo, presente na frente dela.Maria Madalena reconhece Jesus. Jesus pronuncia o nome: “Maria!” Foi o sinal de reconhecimento: a mesma voz, o mesmo jeito de pronunciar o nome. Ela responde: “Mestre!” Jesus tinha voltado, o mesmo que tinha morrido na cruz. A primeira impressão é de que a morte foi apenas um incidente doloroso de percurso, mas que agora tudo tinha voltado a ser como antes. Maria abraça Jesus com força. Era o mesmo Jesus que ela conhecera e amara. Aqui se realiza o que Jesus disse na parábola do Bom Pastor: “Ele as chama pelo nome, e elas conhecem a sua voz.” – “Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10,3.4.14). Maria Madalena recebe a missão de anunciar a ressurreição aos apóstolos. De fato, é o mesmo Jesus, mas a maneira de estar junto dela já não é mais a mesma. Jesus lhe diz: “Não me segure, porque ainda não subi para o Pai!” Ele vai para junto do Pai. Maria Madalena deve soltar Jesus e assumir sua missão: anunciar aos irmãos que ele, Jesus, subiu para o Pai. Jesus abriu o caminho para nós e fez com que Deus ficasse, de novo, perto de nós”.
“Ele viu e acreditou”. Esta é a certeza que dever permear a vida do cristão. Acreditar. Ter certeza. Jesus está conosco, Caminha ao nosso lado. Ele nos segura pela mão. Sinta em seu coração a alegria da Páscoa.
Que o Sagrado Coração de Jesus, patrono da Diocese, derrame abundantes graças e bênçãos sobre cada um de nós. Saúde aos doentes, alegria aos tristes, esperança aos desanimados.
Dom Juventino Kestering
Bispo Diocesano de Rondonópolis