Neste ano de 2017, a Igreja celebra festivamente o Ano Mariano, comemorando os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, e os 100 anos de aparição de Nossa Senhora em Fátima, Portugal. Para marcar esse Ano Mariano, a Paróquia São Luiz, Catedral da nossa diocese, recebeu ontem, no dia 15 de maio, a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, que foi acolhida com uma grande procissão e uma missa solene. A partir desse dia, a imagem peregrina permanecerá visitando as comunidades, casas, comércios e repartições presentes no território da paróquia, até 25 de agosto, festa de nosso padroeiro São Luiz. Certamente será uma grande oportunidade de aprofundamento na fé.
No entanto, é preciso compreender o que esse momento realmente representa. Para quem não tem fé e desconhece a fé católica, esses acontecimentos podem parecer apenas uma “jogada de marketing” da Igreja, para atrair fiéis. Outros ainda, distorcendo as Escrituras, podem classificar como um ato de “idolatria” essa peregrinação com a imagem de Nossa Senhora. Infelizmente, esses argumentos acabam afetando alguns católicos, que não cultivam uma devoção mariana por receio de tirar Jesus Cristo do centro da fé, substituindo-O por Maria.
Quanto a essa questão, um ex-protestante, o Bem-aventurado cardeal John Henry Newman, já no século XIX, notou que a devoção a Maria não atrapalhava a adoração devida ao seu Filho, Jesus Cristo; mas, ao contrário, garantia e zelava pelo reconhecimento de Sua Divindade: “A Maria é confiada a guarda da Encarnação. Assim, se olharmos para a Europa, verificaremos que as nações e os países que perderam a fé na divindade de Cristo são precisamente aqueles que abandonaram a devoção à sua Mãe, e que, por outro lado, os que mais se distinguiram no seu culto guardaram a ortodoxia…” (Carta a Pusey). Nesta carta, Newman descreve a realidade de vários países da Europa que aderiram ao protestantismo (Inglaterra, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Holanda) e que, na intenção de ser “fiéis a Cristo”, foram deixando Maria de lado. Com o tempo, esses países foram dominados pelo secularismo, que gradativamente foi destruindo a fé cristã. Já nos países onde a devoção à Virgem Maria permaneceu, a adoração a Cristo e o reconhecimento de sua Divindade foram se intensificando.
Vê-se, portanto, que as devoções marianas asseguram o senhorio de Cristo. Para aprofundar essa realidade, é interessante observar uma belíssima oração mariana, a ladainha de Nossa Senhora ou Ladainha Lauretana. Nessa oração, que se origina de súplicas compostas durante peregrinações marianas à cidade de Loreto, estão presentes inúmeros títulos de Nossa Senhora, entre eles o de Estrela da manhã (Stella matutina), que possui um significado riquíssimo: antes do nascer do sol, em meio à escuridão da madrugada, surge no horizonte uma estrela de maior luminosidade; depois, quando as outras estrelas desaparecem na claridade nascente, essa “estrela da manhã” ainda permanece, mesmo que não possa ser vista. Nesse sentido, Nossa Senhora é a “estrela da manhã”, pois em meio à escuridão, ela indica que está por vir o Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo. Basta lembrar que até quando os discípulos desanimaram, Maria continuou a esperar e a manter viva sua fé. Ela perseverou na provação e anunciou a Luz que estava por vir.
Desta forma, a Paróquia São Luiz, compreendendo que Maria é a guardiã do Senhorio de Cristo, quer realizar essa peregrinação mariana de forma muito fervorosa e intensa, a fim de que esse Ano Mariano seja um momento marcante tanto para a história de nossa paróquia quanto para o nosso encontro pessoal com Cristo.
Pe. Antônio Rogério Gonçalves