No Jubileu da Misericórdia, a Festa da Divina Misericórdia, do 2º domingo da Páscoa, tem sabor especial. O Papa São João Paulo II a criou no ano 2000. Ele se inspirou no pedido que Jesus fez a Santa Faustina: Esta fonte da misericórdia oferece a cura, a força e o perdão total das culpas e penas. Ela abraça esta causa e pede: Apressai, Senhor, a Festa da Misericórdia, para que as almas conheçam a fonte da Vossa bondade. Jesus a atende: Pelos teus ardentes desejos, estou apressando a Festa da Misericórdia. Em 1935, ela participa da Eucaristia sabendo que não participará em vida da celebração da Festa da Misericórdia, diz ela: Eu sou apenas Seu instrumento. Mesmo comemorada só depois da minha morte, eu já agora me alegro com ela e já a comemoro interiormente. A Festa foi celebrada seis anos após a morte de Santa Faustina (1944) no Santuário de Cracóvia.
Esta Festa está ligada à veneração do quadro de Jesus Misericordioso: dois raios de luz saem de suas mãos e iluminam o mundo, representando o sangue e a água. O sangue recorda o sacrifício do Gólgota e o mistério da Eucaristia; a água, segundo o rico simbolismo do evangelista João, faz pensar no batismo e no dom do Espírito Santo (cf. Jo 3,5; 4,14). Deste coração ferido, Deus difunde seu amor misericordioso, segredo da verdadeira felicidade. A oração “Jesus, eu confio em Vós!” exprime nossa atitude de confiança e abandono em tuas mãos, ó Senhor, nosso único Salvador.
A confiança na Divina Misericórdia nasce da participação nos sacramentos (Eucaristia e Confissão), com a remissão dos pecados (culpas e penas): A tua tarefa é pedir aqui na Terra a misericórdia para o mundo inteiro. As almas que têm com confiança em Minha misericórdia terão a justificação. Por isso, o primeiro domingo depois da Páscoa celebra a Festa da Misericórdia. Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; a Festa da Misericórdia é refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Que ninguém tenha medo de se aproximar de Mim, por pior que sejam seus pecados. Minha Misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica a aprofundará. Concedo indulgência plenária às almas que se confessarem e receberem a Santa Comunhão na Festa da Minha Misericórdia.
Em 1936 o Senhor lhe pede que a Festa seja preparada espiritualmente: O Senhor me disse para rezar o Terço da Misericórdia por nove dias antes da Festa da Misericórdia, a começar da Sexta-feira Santa. A novena obterá toda espécie de graças.
Esta liturgia fala da Misericórdia na relação com Deus e entre nós. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (Mt 5,7) Ele nos ensina os caminhos da Misericórdia: perdoar os pecados e ir ao encontro das necessidades dos outros. Jesus inclinou-se sobre a miséria humana, material e espiritual. (Dives in misericordia, 14)
No Apocalipse há um convite a olhar para Cristo e experimentar a sua Paz, seja qual for a condição em que nos encontramos. Até na mais difícil e dramática, o Ressuscitado responde: Não temas! Morri na cruz, mas agora vivo pelos séculos dos séculos. Eu sou o Primeiro e o Último. O que vive. Ele implora o perdão para os seus algozes e abre para os pecadores penitentes as portas do céu. O Rei imortal já tem “as chaves da Morte e do Inferno (Ap 1, 17-18). Cristo humilhado e sofredor surpreendente a todos em seu amor sem limites pela humanidade. Sua Cruz, mesmo após sua Ressurreição, não cessa de falar de Deus Pai fiel ao seu eterno amor para com o homem, em sua Misericórdia (Dives in misericordia, 7). Sua Misericórdia nos convida a ser Misericordiosos, amando a Deus e o próximo, até os “inimigos”, a exemplo de Jesus.
Este é o programa de vida de cada batizado e de toda a Igreja.
Dom Antônio Emídio Vilar
Bispo da Diocese de São Luiz de Cáceres – MT