“O anuncio se faz em diálogo com a compreensão e as expectativas dos destinatários da mensagem. Por “isso, diálogo e anuncio são aspectos complementares da evangelização” (DGAE, 1995-1998, nº 224). “Maria, é aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça” ( EG p.161).
SINAIS DE NOSSA PRESENÇA MISSIONÁRIA JUNTO AO POVO BOE BORORO, neste ano de 2015.
Queridos/as companheiros/as de missão. Já nos aproxima o momento de refletir sobre os nossos trabalhos missionários, nossa atuação junto às comunidades as quais fomos interpelados pelo convite e amor profundo de Jesus Cristo. Particularmente externo toda minha gratidão, pela oportunidade estar a serviço do Reino de Deus, em ser esta presença solidária de companheirismos, partilha da própria vida com e para os Povos Indígenas em especial nesta terra mato-grossense.
Venho compartilhar com os amigos, companheiros/as de missão, mais um ano como os demais em que saí de casa e rumei para este chão com o propósito de servir àqueles que mais necessitassem de uma presença era ali que eu desejava colocar a minha vida a serviço e poder de alguma forma contribuir. E aqui estou. Continuamente nestes quinze anos de vida doada aos Boe Bororo.
Neste ano de 2015 estive junto nos momentos de alegrias, dificuldades, tristezas, tomadas de decisões, no ir e vir para a cidade e aldeia, nos cuidados da educação, na vigilância da saúde, no cuidado com as crianças e idosos, nas orientações aos jovens, preparativos das crianças para os sacramentos, sem esquecer da formação politica de lideranças e também da minha formação pessoal. Externo as alegrias por estarmos nos aproximando da festa de nascimento de Jesus Cristo, o Natal e poder celebrar tantas coisas boas que nos foi possível realizar com essa comunidade Indígena. Até mesmo com outras comunidades e povos do Mato Grosso tive a oportunidade de compartilhar a vida, nas orientações, acompanhar na busca de seus direitos tão ameaçados com é o caso da PEC 215, que se aprovada no Congresso Nacional, os Indígenas deixarão de usufruir de direitos constitucionais conquistados a custa de muito sofrimento pelas lideranças tradicionais, as quais muitas até já se foram. A missão é isso, é experimentar o Evangelho da vida, viver nos lugares mais difíceis, nas periferias, nas Aldeias, nos quilombos, com ribeirinhos, nos lugares mais afastados mais distantes e difíceis de chegar e marcar uma presença solidária, fraterna e de companheirismo. E esse pouco feito com pleno amor, o coração de Deus acatará a nossa pequenez, a nossa simplicidade e humildade. E assim podemos ter a certeza do nosso elo de comunicação com Deus. Nisso eu acredito.
Agradeço a Deus pela vida de meus familiares que apoiam a minha opção de vida. Á Diocese de Rondonópolis/Guiratinga na pessoa de Dom Juventino Kestering, que tem nos apoiado incansavelmente e ter acreditado na minha presença junto ao povo Boe Bororo, atendido sempre as nossas reivindicações em favor do povo e da missão na aldeia. Ao Conselho Indigenista Missionário/CIMI, que nos anima, fortalece com a sua mística missionária e acredita na minha pessoa, e também a todos aqueles e aquelas que nos apoiam e nos motivam a continuar nesta missão. A companheira Joice Fernandes Amorim, que veio fazer uma experiência nestes dois anos, como estudante de psicologia, pode contribuir com os Boe, com rodas de conversas, escutas, visitas às famílias, em fim, foi “presença e tanto” entre eles. Mais uma vez sentimos a presença da diocese apoiando o trabalho. Avaliamos que foi um ano em que muitas coisas aconteceram, claro, não foram grande, mas o pouco foi significativo. Tivemos alguns avanços o que nos motiva e dá alegria e nos possibilita a dizer que vale a pena, pois os desafios existem outros vão surgindo ao longo do caminho, mas eles não podem ser motivos de abandono da missão, ao contrario é motivo de entre ajuda, de busca, de luta com firmeza e amor. Assim, se eu fosse descrever todo o nosso trabalho certamente seria demasiado longo, porém deixo o sinal de que a missão Indigenista, na aldeia Córrego Grande, Aldeia Piebaga e Aldeia Tadarimana, pouco sim, mas está viva.
Creio em Deus que nos fortalece a cada dia na missão a qual nos confiou, e mais do que nunca venho agradecer um ano de Graças, por tudo que realizei. Termino o ano já quase no limite do cansaço, mas feliz e com a consciência tranquila pelo pouco que pude dar de mim nesta missão.
Obrigada Deus, grata Dom Juventino, Mestre Mário, Irmã Lurdes Duarte, Irmãs Catequistas Franciscanas, Paróquia São Domingo Sávio; Joice, Zé, o motorista… Amo a todas/os vocês pelo amor que partilhamos com os nossos irmãos Indígenas. Com fraternal abraço, desejo que tenham um Natal com Cristo, saúde, amor, paz e muita Vida.
Silvia Maria Valentim Pinheiro
Com o Povo Boe Bororo