Representantes de todos os 18 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) estão reunidos no Centro Cultural Missionário, em Brasília (DF), para o Seminário Nacional da Campanha da Fraternidade (CF). O evento, iniciado na terça-feira, 1º de outubro, é momento de avaliação da edição da CF deste ano, de estudo do texto-base da próxima campanha e ainda de prestação de contas e convivência entre os diferentes articuladores em âmbito regional.
Além da avaliação, que considera as forças, oportunidades, fraquezas e ameaças em relação ao trabalho realizado na Campanha da Fraternidade 2019, o secretário executivo de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista destaca o estudo do texto-base da Campanha da Fraternidade de 2020 e as novidades que apresenta.
“Do início ao fim, é profundamente bíblico, na centralidade com a Palavra de Deus. O ‘ver, julgar e agir’ corresponde ao ‘viu, sentiu compaixão e cuidou dele’. Em relação às novidades também, a Campanha da Fraternidade 2020 toca nas periferias existenciais, como depressão, automutilação e suicídio, por exemplo.
Padre Patriky ainda salienta que a proposta da próxima CF foi muito bem acolhida pelos 60 participantes do seminário. “O olhar que lançamos sobre a realidade é o olhar do discípulo missionário, no desejo de colocar o nosso olhar em sintonia com o de Jesus, Ele que é o bom samaritano. Ele vê e não se contém, vê e se envolve, é este olhar que não é indiferente. Por isso que o sentido da vida é esse intercâmbio de cuidado”.
Padre Pedro Igor Silva faz parte da equipe de articulação da Campanha da Fraternidade do regional Nordeste 2 da CNBB. Para ele, “tem sido muito oportuna a temática e o estudo que o Seminário Nacional tem oferecido a nós dos regionais, sobretudo porque estamos tendo a oportunidade de ver três passos daquilo que será o lema da CF 2020 [Viu, sentiu compaixão e cuidou dele]: a partir da Parábola do Bom Samaritano”.
Em cada dia do encontro há o aprofundamento de um eixo encontrado no lema. No primeiro dia de seminário, o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, abordou a primeira parte do texto-base “Viu”.
Na programação desta quarta, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers, trabalhou a iluminação bíblica e do magistério corresponde ao “sentiu compaixão”. Amanhã, padre Patriky conduzirá a reflexão sobre a parte “cuidou dele”.
Este cuidado deverá ter impacto relevante na região Amazônica, em particular no próximo ano com os resultados da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos sobre a Pan-Amazônia. Rose Medeiros, uma das representantes do regional Norte 1 da CNBB na equipe de Campanhas, acredita que este processo terá um benefício muito grande, “porque nós temos que olhar com olhar de compaixão, com o olhar de Jesus para todo nosso povo que é muito sofrido. Então, tanto a Campanha da Fraternidade quanto o Sínodo para a Amazônia vão nos trazer muito mais forças para que nós possamos abrir caminhos para que aquelas pessoas que muito sofrem, que não têm a dignidade respeitada, que não têm a sua vida respeitada, possam se sentir amadas e ter a força necessária para continuar a sua caminhada”.
Avaliação
Na avaliação da CF deste ano, o ponto positivo mais destacado foi o despertar para a importância de “ocupar os espaços, que os leigos ocupem os espaços na sociedade, os conselhos de direitos, isso também é um desafio no horizonte da formação da fé e cidadania”, segundo padre Patriky.
“É necessário ainda uma formação mais aprofundada sobre a Doutrina Social da Igreja que capacite agora os conselheiros para ocupar os diversos âmbitos dos conselhos paritários de direitos e também para se envolver no acompanhamento e elaboração de políticas públicas”, indica.
Toninho Evangelista, do regional Sul 1 da CNBB, comenta que a CF 2019, cujo tema foi “Fraternidade e Políticas Públicas” mexeu e provocou mudanças de comportamento não só com o interno da igreja como da sociedade. Segundo as partilhas, o tema foi apontado como “muito rico e propício pelo momento sociopolítico em que estamos vivendo”.
“A campanha foi uma forma que a Igreja apresentou para dialogar com essas necessidades e também com o sofrimento do nosso povo, pela ausência das políticas públicas, num contexto de diálogo, de fraternidade, de amor. Esse é o grande legado que a campanha deixa: o diálogo com todas as instâncias e poderes constituídos, não abrindo mão do nosso princípio e da nossa dimensão de justiça”, afirma Toninho.
Texto-base
A Edições CNBB já está oferecendo o texto-base da Campanha da Fraternidade 2020. Os outros materiais já estão em preparação.